Duas Primaveras

Você já pensou que, enquanto o sol brilha aqui, no outro lado do mundo já é noite? Já viajou e chegou na mesma hora que você saiu? Pois é. Tudo é uma questão de referencial. E de cultura! E quando se "viaja", pode-se mudar tudo; variar de parâmetros, personagens, sem compromissos!!! Eu vivi, feliz, duas primaveras... No Brasil e na Europa... Aqui vão estas e muitas outras. E que seja assim sempre: várias primaveras de mim mesma!!!

30.11.04

Dualismo na vida – Parte I

Well, e a tal quinta-feira do show da BBC? Eu ia encontrar o Rique no hostel. Eu saí calmamente do curso. Fui andando pelas ruas numa felicidade que só. Parecia que cada lugar, cada esquina, cada prédio, lembrava uma cena, um momento super feliz.

Eu estava com aquela sensação de agradecer o quanto eu era uma pessoa feliz. Lembrei de cenas anteriores da viagem, lembrei das cenas surreais nos clubs, lembrei do casal maluco-beleza, lembrei até do guardinha separando eu e meu amigo, dizendo que aquilo não podia ali não... A gente provocando depois...

O dia que encontrei a Tábata do nada. O dia que errei o sentido no underground. O dia que fui parar, sem querer, na zona 4, com o cartão da zona 2... O dia que eu estava pensando na “morte da bezerra”, naturalmente feliz, e só me toquei duas estações depois da minha (é a “minha cara” inclusive...).

O cara que queria jantar comigo e eu disse que só se eu o encontrasse novamente ao acaso e ele veio com o papo da distribuição populacional de London... O cara que me flagrou cantando, logo afirmou que eu era carioca (mesmo cantando em inglês) e falou que tinha morado no Brasil (hehehe)... Guess where???

A menina portuguesa que estava lendo um guia em português, no underground, quando eu falei com ela, ficou toda feliz e me pediu informações. Os diversos amanheceres felizes. As noites sem fim...

Eu estava assim “só sorrisos”, sentada no banco do underground, quando entrou uma mulher. Devia ter pouco mais de trinta anos.

Chamou a minha atenção porque era uma típica inglesa, só que estava rindo à toa, sorriso de orelha a orelha. Lembro de ter pensado que deveria ser algum vírus contagiante...

Ela chegava a falar sozinha, baixo, distribuindo sorrisos ao vento, olhando pro teto... Achei assim, como posso dizer, uma cena memorável. Como que não se contendo, ela virou pra mim e começou a sorrir.

Reparei que ela carregava algo nas mãos, achei que fosse um bilhete, uma carta, sei lá. Reparei bem e só então entendi; era uma ultra-sonografia.

Como que, num estalo, ela olhando pra mim, eu perguntei se era dela. Ela disse que sim e então começamos a conversar. Era o primeiro filho e ela tinha acabado de sair do consultório médico. Ia dar a notícia ainda.

E ficava olhando a ultra, felicidade à flor da pele. Daqueles instantes únicos na vida. Mais uma vez fiquei feliz por estar compartilhando, indiretamente, desse momento tão importante na vida de alguém.

Subi as escadas pra sair em City, sorrindo, e fiquei passeando por ali, como no primeiro dia. Depois, como o Rique não aparecia, fui pro hostel.

Euzinha

26.11.04

Reflexões

Todo mundo sempre soube que eu era louca por Londres, principalmente meus amigos dos velhos tempos. Foi engraçado finalmente estar lá. Aquela jornada do primeiro dia foi bem emblemática.

Eu, que há anos pensava em Londres, estava viajando sozinha novamente. Lá. Justo lá. E viajar sozinho é uma estrada para o auto-conhecimento. As coisas que você deixou para trás, o que você quer, o que você não quer, o que você não quer querer, o que você não pode ter, anyway...

Enquanto eu viajava, o mundo continuava, onde quer que eu estivesse, os problemas não desapareciam. A lua brilhava, os rios corriam, enquanto a novidade pulsava nas veias como o sangue...

Se eu parar para pensar, é um injusto círculo vicioso. Já li que democracia é dar a mesma condição de partida, mas somos eternos “colonizados”. De cara, a moeda vale cinco vezes menos... Não há como comparar a educação. E cultura, cultura, cultura?

Ouvi uma mãe, em Paris, interpelar o filho sobre as aulas dele de arte e cultura. Loucura total. A história nos pesa como sombra de explorações e injustiças. De qualquer forma, isso nos fez um povo guerreiro, “mestiço”. Alegre, onde quer que eu tenha encontrado por lá. Eu fui até a Europa, outro continente, outros países, para dar ainda mais valor ao “jeitinho brasileiro”, ao afeto que se sabe dirigir ao próximo, felicidade, felicidade.

A Europa é um sonho. De arte. De história. De cultura. Cada esquina respira o novo... Ecléticos lugares. Todos únicos. Não dá para comparar... Quisera eu que nosso povo sofrido, e ainda assim feliz, tivesse tantas oportunidades...

O engraçado de tudo isso é você ter certezas quando não as busca... se encontrar bem longe do que não se procurava...

Esses turbilhões da Europa atravessaram meus eus. Somos agora muitas mais. Mais complexas? Mais fáceis? Sempre sorrindo de qualquer maneira...

Pude, muitas vezes, quase ouvir o pensamento dos meus amigos: “que diabos se passa com essa (s) criatura (s)?”. Eu estava bem, amigos. Realmente bem. Recebi até o que não pedi, não cobrei e nem precisava...

Há muitas formas de amar neste mundo, cada segundo é uma delas... Vivam, então! E, a despeito de qualquer injustiça, histórica ou não, amem e aceitem o hoje, o próximo, como eles são.

E a vida vai sempre trazer surpresas incandescentes como pensamentos que tanto flutuaram...

Euzinha

25.11.04

Les Misérables

Nessa altura do campeonato, eu já tinha me esquecido do que era obrigação: trabalho, relógio, conta pra pagar, eu estava temporariamente alienada do mundo...

Confesso que não estava nem olhando mais mail, só quando precisava alguma coisa urgente, como quando não tinha mais a senha do cartão; coisa tão insignificante saber quanto você ainda tem de saldo...

E a liberdade de não ser encontrada. Tem o lado bom. Eu só falava com quem queria e quando queria. Praticamente ninguém tinha meu telefone de Kilburn; também, eu nunca estava em casa!

É quase uma sensação de prazer não ter o controle do celular full time... Mas, como tudo na vida, tem o lado ruim. Várias vezes eu não tinha como falar com as pessoas. E lá estava eu com as moedinhas naquelas emblemáticas cabines telefônicas inglesas...

Foi o que aconteceu no dia que eu tinha combinado de ir com meu amigo Paul ver Les Misérables. Saí correndo de um museu e tentei, inutilmente, ligar pra ele. Não consegui de jeito nenhum. Tentei, tentei. Desisti.

Liguei pro Rique e ele estava com a galera na famosa exposição, Brazil 40º, assistindo a shows e bebendo Brahma... Esta exposição estava “bombando”, todo mundo queria ir ver... Sem esquecer que, como eu disse, o Brasil está na “moda”...

Fui tentar comprar ingresso para peça, mas tinha enrolado tanto que não consegui mais entrada.

Fui pra loja Selfridges, onde estava acontecendo a exposição, e liguei pro Rique. Eles tinham resolvido ir para um restaurante, mas eles tinham encontrado o Paul, que estava esperando minha ligação e, como eu tinha dito pro Rique que ia tentar comprar ingresso, ele foi me encontrar no teatro...

Vejam bem o desencontro.... Aí eu fiquei, rindo, sozinha, vendo a exposição na loja. Havaianas custando 17 pounds; vê se pode? Pobres ingleses...

Depois, liguei de novo pro Rique, ele tinha conseguido falar com o Paul, que voltou então pra me encontrar na Brasil 40º. Que confusão, né? Nesse meio tempo, fiquei jogando conversa pro ar com o Jairzinho, é, o do Balão Mágico. Eu e uma legião de brasileiros.

Nesse dia, logo percebi que era melhor falar “posso passar, por favor”.... Português velho de guerra era dominante ali....

Paul chegou, assistimos a um pouco do show e fomos encontrar a galera no 'Hostel Point'... Para onde, para onde?? Gangue no Dirty Dicks again. Altas histórias, farra de sempre. Haja Sports, Cheers e clubs em geral...

Euzinha

22.11.04

Science Museum

E o Science Museum? Fiz tanto dengo pra ir neste museu, também porque estava doida pra ver, queria passar o maior tempo possível lá. Fiquei louca no salão cheio de maquinários... Ai, os instrumentos de fotografia, protótipos da NASA, multimídias, nossa, quase enlouqueci lá dentro!!!

Ih, nem conto pra vocês que eu parecia uma criança na parte de vôo, tirei váaaarias fotos. E a exposição Food for Thought???

Aliás, no geral, eu parecia uma criança... Acho que foi no NHM que eu fui umas duas vezes no Terremoto...confesso... Eu estava mais empolgada que as crianças. Aparece um cenário de um supermercado, de repente, começa a tremer tudo. Aparecem, na TV, as imagens do terremoto original no qual foi inspirado.

Dez!!! Dez!!! Para quem gosta, vale ir várias vezes nestes museus!

Euzinha

20.11.04

Show da BBC

Acho que de todos os parques que eu fui, está equilibrado qual me impressionou mais: Hyde Park ou Regent’s Park. Numa terça feira, eu me reservei pra passar a tarde lá, em RP, pois tinha marcado de encontrar o Rique cedo pra irmos ver o programa da BBC.

É, acreditem, tinham chegado os dois convites pro “Everything I know about men”. Como a gravação era no Pinewood Studios, longe pacas, no final da Picadilly line, em Uxbridge, às 19:00 horas, marcamos cedo.

Passei o dia andando pelo Regent’s park. Conheci um pessoal muito legal. Inclusive tinham dois garotos brincando de se enterrar...com grama... Hilário, tirei foto e eles ficaram todos felizes. Brinquei dizendo que aquela foto iria atravessar continentes... Eles adoraram; ah, as crianças!!!

Depois fui pro hostel encontrar o Rique e ele começou a rir. Dizendo que o álcool estava afetando meu cérebro. Rindo junto, vi que o convite era apenas pra dois dias depois, numa quinta-feira... Pra vocês perceberem a seqüela na qual eu já me encontrava....

Malandro que é bom não perde a viagem e nós fomos andar e beber em Waterloo. Foi engraçado porque a portuguesa Isa tinha ido embora e voltou exatamente naquele dia, naquela hora que percebemos que estávamos indo no dia errado.

Ela tinha sido contratada e iria trabalhar/morar em London London...ai, ai... Ela foi com a gente, alegre, cheia de planos. E o Rique estava super animado pra festa dele, no fim de semana, em que ele iria tentar, finalmente, sair de Londres para conhecer Paris...

Euzinha

19.11.04

Melhorando, melhorando

Dia seguinte, meio grogue ainda, sem voz, fui para aula e foi hilário. Como participar de uma oficina de simulação de um telejornal, se você não tem voz??? Escrever o texto foi tranquilo, mas na hora de apresentar??? Risos...

Ah, e fiquei tomando o melzinho que o cara tinha me dado no avião. Calcula, euzinha, esquentando água e tomando com melzinho em Londres no meio de toda esta esbórnia... Mas, sério, fiquei mais dois dias só bebendo vinho, “na moralzinha”... Depois, eu me dei alta...

Nesse contexto, foi engraçado, porque passei dois dias sem voz. No terceiro dia, já tinha ido ao pub e bebido muitas canecas de vinho, uísque...

Cheguei tardão em casa e dei de cara com a menina japonesa indo ao banheiro, ela puxou papo comigo, eu, alta, voz voltando depois desse vácuo, falei português com ela e segui.

Só no dia seguinte, conversando com ela em inglês no curso, eu me toquei que tinha falado português com ela... Pudera, dois dias calada... Não consigo me lembrar de algo assim nem no Brasil...

Aliás, com o garoto japonês também teve uma história engraçada: ele veio me questionar que tanto que eu tomava banho. Para ver como é a questão da cultura, do hábito. Eu ficava incomodada se só tomava dois banhos por dia e ele porque eu tomava dois...

Euzinha

18.11.04

Body failure

Quase me esqueci do “body failure”... Chamei assim, brincando, o dia seguinte de uma grande noite de esbórnia, que pontuou a louca semana que a havia antecedido...

Cheguei em casa de manhã, meus companheiros de residência saindo, para uma viagem, creio eu.

Entrei, sem graça, e fui direto pro quarto. "Chapei", literalmente. Tinha colocado o relógio para despertar para ir fazer não sei o quê, com não sei quem, mas nem ouvi...

Acordei quase cinco da tarde, sentindo-me o ser mais arrasado do planeta. Mrs G tinha adentrado o quarto, achando que eu não estava. Falou que não tinha me visto, achou que eu não tivesse voltado, pois eu nunca estava em casa, principalmente naquela hora...

Aí, acordei mesmo. Estava sentindo um frio do cão; febre de 41. Garganta travada, tudo inchado... Com muito esforço, sabia que tinha que comer algo, botei um monte de roupa e fui “me arrastando” para a casa de Mrs G. Eu sabia que aquilo era o resultado de muitas, mas muuuitas esbórnias...

Mrs G perguntou se eu estava bem, expliquei e nem saí de casa. Ela fez comidinha especial pra mim, cortou fruta, deu remédio, bolsa de água quente e o escambau... E ainda ficou dizendo que aquilo era uma conseqüência, no meu corpo, da mudança de clima; um resfriado... Boa senhora... Aliás, esta também foi a alegação que dei, para minha mãe, pelo telefone, justificando a ausência de voz...

Mrs G me mimou bastante, porque sou uma verdadeira criança dengosa quando caio doente... Este foi o único dia em toda a viagem que nem saí de casa, nem bebi. Curioso, não?

Ela era um amor mesmo. Tenho certeza que ela teria mil outras histórias interessantes pra me contar, parece uma personagem histórica, carregada de significados e memoráveis lembranças.

Quando eu estava lá, ela vez aniversário e, mesmo doente, fez festa. Foi engraçado porque eu estava saindo e dei de cara com o filho dela entrando. Só que eu nunca o tinha visto, ele foi entrando quando eu saí, sem falar nada.

Supus que fosse o filho dela, mas juro que saí meio “bolada”, afinal, ele não falou nada além de boa noite e foi entrando... Minha mentalidade brasileira só se fez tranquila no dia seguinte, ao ver que estava tudo bem e comentar o fato com a Mrs G...

E graças a Mrs G, logo eu estaria bem, pronta para voltar à esbórnia...

Euzinha

17.11.04

Outra Noite...

Um dia, cheguei de viagem à noitinha. Fui em Kilburn largar as coisas, tomar um banho e depois encontrei a galera do Hostel ( nesse dia até tirei foto da famosa ponte do tombo...).

Roteiro de sempre... “horrível”... pub, depois club. Este dia parecíamos uma gangue mesmo. Saímos do pub e ocupamos todo o segundo andar do bus...

Numa verdadeira farra. Terminamos no Sports de novo. Mais alguns agregados ao grupo – treinei a língua francesa (...risos...) - e ficamos na maior festa. Fomos expulsos no devido horário de funcionamento.

Quando cheguei a Londres, eu achei que fosse brincadeira, uma coisa flexível. Mas, se está escrito que fecha às quatro horas, nessa hora as luzes se acendem, desligam o som e botam todo mundo pra fora... é muito surreal. Imaginem??? Porque aqui no Brasil, sobretudo no Rio, não há hora pra terminar, pra começar, é tudo um ciclo de vida, de festa, de confraternização...

Dali, seguimos pro “sarau” de sempre. Todo mundo cantando, bebendo, conversando...ando (...risos...). Viria a ser o último, creio eu, com a presença do S, porque pouco depois ele foi expulso do albergue e foi embora... Aquele australiano era dez... Até cantei A-ha com ele...

Posso dizer que este fim de noite me reservou grandes surpresas e me fez lembrar que, não importa onde você está, com quem você está e o que está fazendo...tem sempre alguém vendo... Um velho ditado particular que ostento aos quatro cantos do mundo....

Euzinha

16.11.04

Mais viagens

Para variar (sempre que eu viajava), estava um frio do cão... Bath foi originalmente uma área de estabelecimento romano; os famosos banhos de água quente. E, pasmem, apesar de escrito para não o fazer, eu coloquei a mão na água que vem quentinha da terra até hoje... Imagina se a criança aqui ia deixar de fazer isso...

Estava rolando uma festa em Bath, estava super animado. Arquitetura antiga preservada, estátuas, monumentos, igreja linda; aula viva de história. Fora os cafés e os maravilhosos sanduíches! London London não é só farra...

Aliás, também fui à biblioteca, acreditem! Peguei vários textos pra ler, cheguei a copiar algumas maravilhosas poesias de estilos variados... É, também sou cultura (...risos...).

Também fui em Stonehenge e que energia aquele lugar!!! Apesar da eterna “friaca”... Blocos de pedra imensos e numa arrumação impressionante, tipo um círculo fechado. É muito antigo e já fez parte de diversos contextos históricos, hoje vemos apenas o que ficou...

Euzinha

12.11.04

The day after

Eu estava “no erro total” dia seguinte do The End. Cheguei quase no final da aula. Esqueci de dizer que meus companheiros residenciais me sacaneavam, no curso, dizendo que nunca me viam, que eu só chegava de manhã pra aula...

Chato que era despedida de uma galera do curso.... Ficamos bebendo e conversando. Até joguei sinuca. Almocei num restaurante super legal com o pessoal, El Pirata, algo assim....

Depois, ir pra casa? Nada... Fui me arrastando pro Victoria & Albert Museum. Eu estava literalmente apática neste dia. O lugar é lindo, mas eu não estava muito de reações... Monumentos lindos, David, “show de bola”. Como raposa perde o pêlo, mas não perde o vício, ainda fui encontrar o pessoal no pub à noite...

Calma, calma, voltei em tempo do underground não ter parado, afinal eu ia viajar pra Bath muuuito cedo no dia seguinte, no qual, aliás, eu parecia um zumbi...

Euzinha

11.11.04

The End

Este foi o primeiro surreal dia do The End. Galera ficou bebendo no mesmo pub perto do Hostel e estava a maior “cabeçada” mesmo. Saiu todo mundo junto para night. Lembrei do dia do Buldogue (futuras primaveras...), no México, não sei o porquê (ou sei...risos...). Escolhi este dia pra realmente narrar, porque foi O DIA...oops...a noite...

Não sabíamos ao certo para onde ir e rodamos vários lugares antes de ir, finalmente, para o The End. Por isso não esqueci o nome, foi realmente o final de linha... Ou o começo... Eterna questão de referencial...

Logo estávamos todos completamente "chapados". Estava lotado e era surreal. Pessoas se agarrando por todo lado; "democracia total" (...risos...). O banheiro era um verdadeiro ponto de encontro, até porque era todo mundo junto...

O “S”, um australiano muito gente boa ( não por isso), pagou várias bebidas pra todo mundo. Nessa altura, já era mania double whisky... Eu e Ta estávamos zoando que dava dó ver os caras, lindos, beijando-se. Fazer o que, né?

Nisso, estávamos dançando, passa um cara lindo, muito gracinha, fica me encarando, depois sai abraçado com outro cara. Aí é que zoamos mais ainda.

Eis que, algum tempo, o bonitinho volta "cheio de graça". Eu já estava crente que ele era gay também, apesar de não ter visto beijo, cheguei rapidamente até a nova conclusão de que devia ser bi...

Ficamos dançando, ele era muito “animado”, eu estava achando mais graça do que o normal, colaboração etílica (risos...). O Rique me zoando. E a gente dando showzinho na pista de dança... Ir para Europa pra se tornar uma “miqueira internacional”... Quem nunca se divertiu horrores, que atire a primeira pedra (...risos...).

Estava todo mundo “perdido” nesta hora já.... Muitas cervas e shots depois.... O S figura pagando bebida até pro bonitinho... Eis que fomos pegar nossos casacos e fomos todos pro albergue. Est-ce la fin? Non... Mais uísque, violão, musiquinha.... Até de manhã....Peguei o underground abrindo, o bonitinho, cavalheiro, foi comigo.... City of London, city of London...

Euzinha

10.11.04

Big Ben

O dia que fui com o pessoal do curso dentro do Big Ben e de Houses of Parliament também foi show. Uma chatice pra entrar, revistaram a gente mil vezes, o medo de atentado estava sinistro mesmo. É bonito lá dentro, quero dizer a arquitetura, os vitrais...

Nosso guia ficou "zoando" na hora de subir pro Big Ben, se tinha alguém com problema no coração, no joelho... Na cabeça talvez... Porque lá estava eu novamente subindo vários degraus...

Foi legal porque ele foi contando as histórias, quando parou de funcionar, como foi construído, fora que a vista lá de cima é super legal. Ainda bem que estávamos lá em cima às três horas da tarde, pois foram só 3 batidas ensurdecedoras...

O inglês que nos levou era um especialista no assunto. Tinham várias pessoas do curso, além de um outro grupo junto. Na porta do maquinário, estava escrito “proibido fotografias”.

Como ninguém estava nem aí, várias e várias fotos, perguntei ao inglês, que respondeu: “eu não estou vendo”...enquanto tapava os olhos, sorrindo... Figuraça!!!

Nesse dia, fui também ver a St Mary´s com a Carm do curso. Uma espanhola gente boníssima que eu tinha conhecido, médica. Dei boas risadas com ela. Ela estava aprendendo inglês e era engraçado, porque queria falar em inglês, mas quando não sabia, falava em espanhol, supondo que eu entenderia perfeitamente (risos...).

Euzinha

9.11.04

I am so sorry...must tell...

Teve um dia, já chapada, voltando pra casa, que eu estava mais pra lá do que para cá, night bus estava lá pra isso... Rindo sozinha, corpo pedindo arrego, começou a me dar um troço; estava me sentindo muito mal. E pela primeira vez – na viagem e sabe lá em quanto tempo! E o que resta??? To throw out...

Putis, horrível contar isso, mas tenho de fazê-lo... Estava em plena turbulência mental, cérebro enlouquecendo em idéias, dúvidas atormentando o sem destino pulsante... Lembrei da pós -choppada universitária...antigas histórias...track of spew...

Com as botas sujas, entrei em casa, atormentada psicologicamente (e fisicamente, claro. Ninguém pode estar bem nessa situação...). Subi as escadas, literalmente larguei as coisas e ainda encontrei forças pra escrever a frase que está devidamente registrada na agenda, com letras trêmulas: “vomitar é quase um ato simbólico na relação entre culturas”... Confesso que há mais coisas escritas, ilegíveis; espírito incomunicável...

8.11.04

South Kensington

Um dia fiquei andando por South Kensington. Fui no Royal Albert Hall, Albert Memorial e depois em Kensington Gardens. Muito lindo. Mesmo.

Lembro que apareceu um solzinho gostoso. Encostei num monumento e fiquei olhando o sol refletindo no lago, uma visão realmente linda. Saí quando um inglês apareceu e resolveu ler o que estava escrito no monumento, na parte que eu estava encostada... E aí começou a puxar papo. Não, este não me chamou pra tomar uísque na casa dele...

Esse parque era limpinho, toda hora tinha alguém passando pra limpar. Chamou a minha atenção um cara super humilde, carregando diversas bolsas e cheio de sacos com pão. Estava distribuindo para os patos no laguinho. Eu me aproximei, toda criança, e ele me ofereceu comida pra dar a eles, ainda se ofereceu pra tirar uma foto!

Dali, fui numa igrejinha, cujo nome não faço a menor idéia. Muito bonita. Continuei andando e, ao fim do dia, estava em Trafalgar Square, onde jantei...

Euzinha

6.11.04

Natural History Museum

O dia que eu fui pro Natural History Museum também foi dez. Estava morrendo de fome, mas queria ir logo ao museu porque sabia que iria ficar doida lá. Era o museu que eu tinha mais desejado ir, já estava em Londres há algum tempo e nada...

Queria ir num restaurantezinho que eu gostava, mas acabei indo direto. Saltei na estação do underground, comprei um sanduíche e fiquei comendo na pracinha, vendo as pessoas passarem.

Nada como a rotina do lugar, mesmo quando você não pertence a ela. Havia uma barraca de flores e, bem em frente, dois banquinhos. Ah, sim, ao lado tinha um banheiro público, daqueles ingleses, típicos. Enquanto eu comia, dois senhores conversavam no banco ao lado, dando comida aos numerosos pombos...

Um carro parou de qualquer jeito. Veio o guardinha reclamar. O casal, provavelmente dono da barraca de flores, querendo descarregar mais mercadorias e o carro lá... Um dia normal na vida deles...

Não na minha. O tempo estava cada vez pior, começou a chover e eu levantei. Apertei o passo porque outro guarda-chuva não resistiu ao vento... Ali, desisti de vez. Só usaria capa de chuva...

Claro que, na pressa, errei o caminho e acabei andando mais que o necessário... Anyway, logo eu estaria no NHM. E que loucura. Já fiquei de boca aberta na entrada. Peguei o roteiro e não sabia por onde seguir. Fiquei encantada com tanta coisa; cada esqueleto e n o r m e !!!

Olhava também coisas que eu achava legal pra fazer num museu do Rio. Tomei um susto uma hora com um módulo de um escorpião gigante que se mexia (...risos...). A ambientação é perfeita. Coleções, centro de estudo...

Sério, teve uma hora que eles começaram a avisar que ia fechar, pra terminar a visita e ir pra loja de souvenirs, se quisesse, e eu lá... Um carinha veio me falar que não podia mais circular por ali, que ia fechar.... Perguntou se eu entendia inglês, eu me senti tentada a fingir que não e sair correndo... Mas acabei mesmo indo embora (snif...snif... E Fabito, eu vi esqueleto!!! Risos...).

Euzinha

O Feriado bancário

No fim de semana prolongado do feriado, obviamente, eu não consegui sair de London London... Entrou no sangue...

Quando você está livre de obrigações, feriado não faz mesmo sentido. Só que muita gente viaja, alguns amigos somem, as lojas fecham, o comércio desaparece...

Mas, enfim, acabei indo a Oxford. O lugar é realmente muito legal; Oxford e Cambridge são conhecidos pelos seus colégios, pelo ensino. Um construção mais linda do que a outra, aliás, em Oxford, passei por vários lugares onde tinha sido filmado Harry Potter.

Não dei sorte, estava um frio "animalesco", eu cheia de casaco, quase congelando... As flores, lindas como sempre. E que primavera!!!

Euzinha

3.11.04

Mais lembranças

Por causa da correria no tempo que as meninas ficaram em Londres, acabei perdendo a inscrição para um dos únicos programas da galera do curso com o qual eu tinha me empolgado: a gravação de um show da BBC.

A Alucynate tinha inclusive me avisado disso. Fiquei tão frustrada que me inscrevi para assistir a outro show, meio incrédula, porque eles pediam um prazo mínimo de duas semanas para começar a atender os pedidos.

Existem várias histórias que eu não sei bem situar no espaço tempo. Lembro do dia do tombo fenomenal. Meu colega inglês estava me levando em casa, estávamos totalmente bêbados, chovia muuuito. Eis que, perto de casa, na pontezinha (é, aquela pontezinha...), justo lá, eu cismo de começar a dançar na chuva.

Obviamente que tomamos um baita tombo e ficamos sem conseguir levantar, pelo álcool e pelo chão escorregadio da ponte. Ele (inglês, vale enaltecer isso...) ria como uma criança, não vou me esquecer disso!!! Putis, fecho os olhos e vem a cena. E o sorriso... Ai, ai...

Teve um outro dia muito engraçado. Eu estava comendo sozinha no Burger King quando de repente um cara começou a perguntar em espanhol. Depois falou que sabia que eu era latina... Ele queria saber de um museu que, hoje sei, informei errado sem querer... Confundi os nomes em espanhol (risos...). Tudo bem, nessa altura do campeonato, pouco sobrava de minhas partes sérias (gargalhadas)...

Na minha casa, tinha uma outra menina. Uma japa, que vim a conhecer depois. Os japoneses são sempre muito certinhos, mas eu me lembro de um dia que fui em casa tomar banho antes da night, era cedo, tipo dez horas, e ela estava chegando, chapada também. Tive que abrir a porta pra ela, que não conseguia...

Tudo bem, a porta era mesmo meio sinistra de abrir, era ao contrário, mas ela nem estava conseguindo colocar a chave (viu? Até os japas, ditos “sérios”, perdem a linha em London London...).

Falando em casa, eu ainda me lembro de, numa rara ocasião, ter voltado cedo. Fiquei admirando o lugar, que era realmente bonito. Havia um parque, tipo campo, atrás da casa. E esta era a maravilhosa vista do meu quarto.

Aliás, era neste campo onde todos os dias de manhã os corvos “pousavam” e ficavam fazendo aquele barulho esquisito, impetuosamente às sete da matina, era quase como um despertador natural... Depois eu me acostumei, claro. Eles estavam lá e eu nem ouvia... Como acontece com quase tudo na vida, devemos ter cuidado para isso não acontecer a coisas boas...

Também cheguei a dar uma volta por lá. Era mesmo um lugar lindo, tirei algumas fotos das ruas, todas bonitinhas, os bichinhos não saíram nas fotos, exceto o esquilo...

Eu não contei os dias dos pubs, em Kilburn, e eu às vezes chegava cedo pra poder comprar alguma coisa na loja do meu amigo árabe. No primeiro dia que eu comprei, ele ficou cheio de graça e eu séria. Perdi a pose ao voltar pedindo pra abrir a cerveja pois eu não tinha abridor... Ainda tive que trocar tudo por lata ou garrafa de rosca...que eu tinha pensado que era....

Aliás, falando em pubs, lamentavelmente eu fui embora sem me despedir do Gabriel, queria ter tido uma happy hour de despedida com meu gentil holandês...

Euzinha


1.11.04

Hyde Park

Acabamos indo ao Hyde Park que eu tinha achado lindo ao passar em outros dias. A primeira de muitas idas ao Hyde Park. Este era o último dia da Tábata.

Primeiro a gente simplesmente descansou. Isso mesmo. Deitamos no chão do Hyde Park e ficamos deitadas, lendo, conversando. Um espetáculo. Eu bem tirei foto do lado da estátua do Peter Pan (estou escrevendo que nem criança fazendo dengo...). Fiz questão, até abri um novo filme!

Tinham uns garotos jogando frisbee. Lembrei da Nat em Paris. Um dia, andando por lá, passamos por uns garotos jogando. Alguém elogiou, falou que eles jogavam bem e a Nat começou a zoar, dizendo que não fazia a menor diferença saber fazer aquilo, que se tivesse de aprender a jogar algo, não seria frisbee... Pelo visto, deve ser moda, na Europa ao menos...

A gente resolveu jantar no Pizza Hut, que aliás estava uma delícia. Depois, que fazer, que fazer???? Pensamos em ir ao cinema, a um show etc. Acabamos indo dar uma andada no caminho do Tâmisa, na galeria que tem ali. Depois paramos no All Bar One, um pub que eu adorava ir, e ficamos bebendo, sem hora. Vi, mais de uma vez, o pôr-do-sol ali, tudo de bom!!!

Fui também no Anchor, perto dali. Ótimo entardecer. Depois, no caminho de voltar, tem uma trilha cheia de luzes. Eu parecia uma criança hiperativa, pulando... Pessoal brincou, vendo as fotos, que é para bêbado gastar energia...

E as meninas foram embora. Elas me abandonaram em Londres... Pra eu me cuidar sozinha... Ah, o night bus (...risos...). O Branco nem apareceu, apesar de que ele tinha dito que praticamente só passaria um dia em Londres e iria ao interior...

Euzinha