Enquanto você não vem...

Lua cheia em um céu com névoas. A tela branca do computador bem em frente, no contraste do grande vácuo de ideias sem fim... No caminho, um sonho de perdição. De entrega. De mudança. Muda a terra. Muda o chão. Para dar asas aos pensamentos e trazer, de volta, os sonhos.

Minha profissão é a estrada. É no caminho que eu me encontro. É no caminho que sonho com minha eterna cidade maravilhosa; no momento, mais ideal, mais onírica, mais distante.

É no diferente do cotidiano que me lembro de que amanhã tudo pode mudar. Que eu só preciso dizer: basta desta cidade. Dessa profissão. Desta vida que "meu corpo abriga nessas noites secas de Brasília"...

Viagens são simbólicas. Retirar as asas dos armários de rotina. Sacudir a poeira nos sonhos e lembrar todos os outros caminhos. Viagens são como o reciclar da alma, a limpeza da mesa, do apartamento, o abrir espaço para o novo.

O frio na barriga de uma terra desconhecida. De uma cultura diferente. Línguas e sotaques por vir. Novos transportes, histórias, prédios... E, sem dúvida, milhares de novas memórias. Qualquer viagem é diferente. Mas é sempre igual em sonhos. Tem cheiro de novo no ar. Para lembrar que a verdade é distinta em cada lugar. Em cada pedacinho que seu corpo vive em terras distantes do dia a dia.

Se for um destino sonhado, melhor ainda. Se for surpresa, que venham viagens de conhecimento, de aprendizado, de mudança. As minhas primaveras derramadas em palavras estão implorando para voltar. E virão....