Duas Primaveras

Você já pensou que, enquanto o sol brilha aqui, no outro lado do mundo já é noite? Já viajou e chegou na mesma hora que você saiu? Pois é. Tudo é uma questão de referencial. E de cultura! E quando se "viaja", pode-se mudar tudo; variar de parâmetros, personagens, sem compromissos!!! Eu vivi, feliz, duas primaveras... No Brasil e na Europa... Aqui vão estas e muitas outras. E que seja assim sempre: várias primaveras de mim mesma!!!

28.2.05

No desvio de sempre

No desvio de sempre, era para ir ao curso de francês. Impedida por uma, digamos assim, “parada estratégica”, num bar no caminho. Eu e mais três amigos do trabalho.

Antes de “piscar”, já tinha passado (e muito) a hora do curso. Embora já fosse tarde, saí, decidida, como sempre, a ir para casa e arrumar a mala.

Caminhando para casa, cruzo com uma senhora carregando diversas bolsas de compras ( e nem me ocorreu o porquê de alguém estar com sacolas naquela hora da noite, visto que o supermercado não é 24 horas...). Apenas me ofereci para ajudar a carregar, visto que ela estava no meu caminho. Ou eu no dela, aquela velha e eterna questão de refencial...

Antes que eu percebesse, já tinha engatado um papo “cabeça”. Sobre viver e conviver. O que fazemos, o que deixamos de fazer e o que os outros se metem...

A senhora afirmava querer se mudar dali, onde tinha nascido, porque todos tomavam conta da vida dela... Por aí. E eu disse que não adiantava ela se mudar, porque ela, antes de mais nada, permitia que as pessoas se metessem... Os problemas nos seguem para onde quer que nos mudemos... Temos de resolvê-los em nós mesmos... Minha opinião particular, deixei claro...

Era para ser uma conversa normal. Até chegarmos à porta da casa dela e ela soltar a frase dramática de que talvez fosse melhor se matar mesmo... Morrer resolveria tudo. E, em seguida, perguntar se eu não podia continuar conversando com ela. Iríamos para um bar ali perto.

Incrédula, falei que acabara de voltar de um outro bar e precisava arrumar minhas malas, pois viajaria, provavelmente direto, no dia seguinte... Nem bem falei e refleti: “imagina se essa mulher está precisando conversar e eu vou frustrá-la para poder arrumar a mala... E nem seria a primeira vez que eu deixaria para arrumar a mala em cima da hora”.

Acabei aceitando o convite e lá fui eu, pra lá de meia-noite, para o bar novamente. Conversa daqui, conversa dali. Como eu não sei, mas o papo chegou em religião e em Deus. Ela queria saber qual a minha religião e queria porque queria que eu acreditasse no Jesus dela.

Insisti que isso não fazia diferença. Qualquer nome que se usasse, cada um tinha uma forma de acreditar. Como quase tudo na vida... E ela insistia em dizer que Jesus morrera por mim –por nós- e eu “tinha que” (expressão essa que, por si só, já me causa calafrios...as coisas que têm que ser...Quem me conhece, sabe minha aversão a coisas que têm que ser porque têm que ser...).

Mediante a insistência, falei que a intolerância, as pessoas cheias de razão, principalmente no que concerne à religião, já eram motivos de guerras demais no mundo... E o mais engraçado é que acho que ela não entendeu que eu não estava descrendo no Jesus dela, apenas tentava dizer que a fé, a religião, as crenças, de um forma geral, vêm por caminhos diferentes.

Longos papos e eu levei – a pé- a mulher, de 56 anos, até em casa de novo. Ainda ouvi que, quando ela foi guardar as bolsas em casa antes de bebermos, achou que eu não estaria esperando na porta, que eu era um anjo... Veja bem, eu, logo eu, um anjo...

E lá fui eu, sabe que horas da madruga, para casa, enfim, começar a arrumar a mala...

Euzinha

11.2.05

Carnaval 2005:

1000 + 3 cigarros para amar ‘primaveras’ no Rio...

Na contramão do movimento em direção ao Rio, milhares de Cariocas viajam todos os anos durante o Carnaval. Para curtir um sossego em alguma região distante ou, que seja, para curtir outros carnavais...

Euzinha, acostumada a integrar este grupo, experimentei ano passado a maravilha de curtir os revigorados blocos de rua. Assistir a um maravilhoso desfile na Sapucaí, inclusive desfilando ( pé-quente na Unidos da Tijuca) e assistindo, também, ao desfile das campeãs.

Eis que, sorrateiramente, o carnaval chegou de novo em 2005. De surpresa, de mansinho, para uma versão Euzinha 2005, como os amigos brincaram, de uma pessoa sossegada, pensativa.

Vá lá... O espetáculo do Sambódromo é algo indescritível, mas pouco se vê, ao menos nas arquibancadas, de Cariocas. Dá gosto ver carros lindos, todo o trabalho e quase ‘a vida’ de muita gente. É para se dar valor. Desde o destaque da escola até o desconhecido do 'apoio'.

Entretanto, os blocos de rua não deixam a desejar. Meio sem perceber, lá estava eu, de novo, no Escravos da Mauá, Banda de Ipanema, Laranjada, Alice... uma verdadeira festa.

Numa democrática mistura de turistas estrangeiros, embasbacados, com muitos brasileiros, incluindo O RETORNO DOS CARIOCAS, como costumo chamar este movimento inverso de permanência de Cariocas no Rio durante o Carnaval. Inglês, francês, italiano, espanhol, even Portuguese-speaking. Tudo é permitido...

Ah, é preciso falar em especial do Bloco das Carmelitas, em Santa Teresa. Por que enalteço este bloco? Acho muito interessante a história. Segundo a ‘lenda’, na primeira saída do bloco, houve a presença de uma Carmelita, fugida do convento instalado no bairro. E lá vão no bloco muitas, mas muuuuitas pessoas, ostentando aqueles véus religiosos... Sagrado e profano... So interesting... Infelizmente, a 'seqüelada' aqui só lembra de parte do refrão que era, sugestivamente, “ Beijo na boca, mas que beleza” (...risos...).

Claro, claro, claro. É preciso também citar o Bip-bip... Lá pelas tantas, perdida (como sempre...tsc...tsc...tsc...), passo por um estrangeiro empolgado, digamos assim, e ouço um “Come on, I can pay 1000”.

Não sou exatamente uma moralista, mas devo confessar que a primeira reação foi de desprezo, fiquei meio ressabiada, afinal, eu não estava me oferecendo, por assim dizer... Nem parei, nem sei a nacionalidade do indivíduo, o que me levou a supor, depois, sendo verdade, o quanto eu estaria valendo... 1000 reais? Dólar? 1000
pounds??? Coisa séria a se pensar (...risos...).

Neste mesmo bloco, a recente ex-fumante, obstinada, sem comprar um maço, não segurou a onda das bebidas e resolveu fumar só um... E, pasmem, não havia sequer um ‘ambulante’ vendendo cigarro a varejo. But... Eu fui surpreendida com uma enorme solidariedade de ‘viciados’... Em 3 ambulantes diferentes, fumantes, a resposta foi mais ou menos a mesma: “ eu sei o que é isso, não estou vendendo não, mas eu te dou um”.

E como tudo é só 'democracia'... Lá estava eu, num outro dia (quantos dias tem o Carnaval no Rio??? Muitos, mesmo para quem começa tarde...risos...), também no circuito off Carnaval, crente que o pub estaria vazio, que seria um programinha básico, relax... Descubro um pub lotado, principalmente estrangeiros, de múltiplas nacionalidades, assistindo à partida final do futebol americano... Hum...

E eu quase me esqueço da Lapa... A velha e boa Lapa. Shows na pracinha, sempre lotada, bares e ambulantes para todo lado. Pude ouvir Farofa Carioca em meio àquela 'farofa' mesmo... Boa mistura de tipos, idéias, lembranças e sonhos...

Encontrar amigos de longa data, conhecer gente nova, exercitar o inglês, sorrir, beber, cantar, pular. Sem esquecer claro, o necessário fair play... Afinal, é Carnaval, Terra do Nunca, então não dá para se irritar muito com Neanderthais achando que seus cabelos são como as rédeas que vêm com as 'cavalgaduras', ou tentar lembrar que, por mais que puxem, seus braços não vão se soltar do corpo...anyway... Never mind...

Oferta de mil, seja lá o que signifique isso, intoxicada por mais 3 cigarros, e muita diversão depois, cá estou eu... Para lembrar que não importa onde você está, metafórica ou literalmente, sempre dá para de divertir e ‘estar feliz’!!!

Euzinha

2.2.05

Última night...

Dúvida. Que fazer. Que fazer. Última night. Que fazer. Vende a alma e vai pra Porto, de novo, no carro de outrem... Você nem me contou, né, malandra?! Na confusão de arrumar carro para ir para Porto, acabamos pegando carona com uma pessoa, digamos assim, preocupante... No meio do empurrar a comida para dentro, no carro, é que me toquei...

Alguém quer suco de maçã??? A brincadeira era total, para ninguém derramar nada ou sujar o carro (...risos...). Aliás, imagina meu irmão, no Rio, com a minha pergunta sobre ser parado numa blitz com o carro cheio. Bem lembrei do táxi do México...

E que surreal esta noite. E o Côco loco? Sem contar o “meu belga”. Ai, mon français (...risos...). “Danizinha Mercosul”... no mundo globalizado (...risos...). Caminhar na praia de madrugada após a madrugada de decepções. Várias pessoas e vários lugares.

Nascer do sol lindo na praia. Porque o dia, as esperanças estão sempre por aí. Papel higiênico de brinde (pedi para ir ao banheiro antes da volta, o carinha do restaurante cobrou. Ao sair do banheiro, eis que, meu mais novo amigo, tinha pego um papel, falando, que, se era para pagar, então que eu levasse um brinde....risos....). E batendo cabeça na viagem de volta...dormindo falando... Em Recife, Helena caiu na gargalhada com o papel higiênico dentro da bolsa...

Recife. Surto psicótico tentando ficar acordada, arrumando mala, casa e quase enlouquecendo... Uma hora de sono e a reserva 'tava' refeita. Para ver o estado da alma... Bob’s e buzu again. Chaparral...

Bom que o sono mata a consciência e a ignorância é uma bênção!!!!!! Obrigada, todo mundo, pelas maravilhosas lembranças e por suas existências em minha vida. Que dão significado!

Euzinha