Duas Primaveras

Você já pensou que, enquanto o sol brilha aqui, no outro lado do mundo já é noite? Já viajou e chegou na mesma hora que você saiu? Pois é. Tudo é uma questão de referencial. E de cultura! E quando se "viaja", pode-se mudar tudo; variar de parâmetros, personagens, sem compromissos!!! Eu vivi, feliz, duas primaveras... No Brasil e na Europa... Aqui vão estas e muitas outras. E que seja assim sempre: várias primaveras de mim mesma!!!

11.2.05

Carnaval 2005:

1000 + 3 cigarros para amar ‘primaveras’ no Rio...

Na contramão do movimento em direção ao Rio, milhares de Cariocas viajam todos os anos durante o Carnaval. Para curtir um sossego em alguma região distante ou, que seja, para curtir outros carnavais...

Euzinha, acostumada a integrar este grupo, experimentei ano passado a maravilha de curtir os revigorados blocos de rua. Assistir a um maravilhoso desfile na Sapucaí, inclusive desfilando ( pé-quente na Unidos da Tijuca) e assistindo, também, ao desfile das campeãs.

Eis que, sorrateiramente, o carnaval chegou de novo em 2005. De surpresa, de mansinho, para uma versão Euzinha 2005, como os amigos brincaram, de uma pessoa sossegada, pensativa.

Vá lá... O espetáculo do Sambódromo é algo indescritível, mas pouco se vê, ao menos nas arquibancadas, de Cariocas. Dá gosto ver carros lindos, todo o trabalho e quase ‘a vida’ de muita gente. É para se dar valor. Desde o destaque da escola até o desconhecido do 'apoio'.

Entretanto, os blocos de rua não deixam a desejar. Meio sem perceber, lá estava eu, de novo, no Escravos da Mauá, Banda de Ipanema, Laranjada, Alice... uma verdadeira festa.

Numa democrática mistura de turistas estrangeiros, embasbacados, com muitos brasileiros, incluindo O RETORNO DOS CARIOCAS, como costumo chamar este movimento inverso de permanência de Cariocas no Rio durante o Carnaval. Inglês, francês, italiano, espanhol, even Portuguese-speaking. Tudo é permitido...

Ah, é preciso falar em especial do Bloco das Carmelitas, em Santa Teresa. Por que enalteço este bloco? Acho muito interessante a história. Segundo a ‘lenda’, na primeira saída do bloco, houve a presença de uma Carmelita, fugida do convento instalado no bairro. E lá vão no bloco muitas, mas muuuuitas pessoas, ostentando aqueles véus religiosos... Sagrado e profano... So interesting... Infelizmente, a 'seqüelada' aqui só lembra de parte do refrão que era, sugestivamente, “ Beijo na boca, mas que beleza” (...risos...).

Claro, claro, claro. É preciso também citar o Bip-bip... Lá pelas tantas, perdida (como sempre...tsc...tsc...tsc...), passo por um estrangeiro empolgado, digamos assim, e ouço um “Come on, I can pay 1000”.

Não sou exatamente uma moralista, mas devo confessar que a primeira reação foi de desprezo, fiquei meio ressabiada, afinal, eu não estava me oferecendo, por assim dizer... Nem parei, nem sei a nacionalidade do indivíduo, o que me levou a supor, depois, sendo verdade, o quanto eu estaria valendo... 1000 reais? Dólar? 1000
pounds??? Coisa séria a se pensar (...risos...).

Neste mesmo bloco, a recente ex-fumante, obstinada, sem comprar um maço, não segurou a onda das bebidas e resolveu fumar só um... E, pasmem, não havia sequer um ‘ambulante’ vendendo cigarro a varejo. But... Eu fui surpreendida com uma enorme solidariedade de ‘viciados’... Em 3 ambulantes diferentes, fumantes, a resposta foi mais ou menos a mesma: “ eu sei o que é isso, não estou vendendo não, mas eu te dou um”.

E como tudo é só 'democracia'... Lá estava eu, num outro dia (quantos dias tem o Carnaval no Rio??? Muitos, mesmo para quem começa tarde...risos...), também no circuito off Carnaval, crente que o pub estaria vazio, que seria um programinha básico, relax... Descubro um pub lotado, principalmente estrangeiros, de múltiplas nacionalidades, assistindo à partida final do futebol americano... Hum...

E eu quase me esqueço da Lapa... A velha e boa Lapa. Shows na pracinha, sempre lotada, bares e ambulantes para todo lado. Pude ouvir Farofa Carioca em meio àquela 'farofa' mesmo... Boa mistura de tipos, idéias, lembranças e sonhos...

Encontrar amigos de longa data, conhecer gente nova, exercitar o inglês, sorrir, beber, cantar, pular. Sem esquecer claro, o necessário fair play... Afinal, é Carnaval, Terra do Nunca, então não dá para se irritar muito com Neanderthais achando que seus cabelos são como as rédeas que vêm com as 'cavalgaduras', ou tentar lembrar que, por mais que puxem, seus braços não vão se soltar do corpo...anyway... Never mind...

Oferta de mil, seja lá o que signifique isso, intoxicada por mais 3 cigarros, e muita diversão depois, cá estou eu... Para lembrar que não importa onde você está, metafórica ou literalmente, sempre dá para de divertir e ‘estar feliz’!!!

Euzinha