Duas Primaveras

Você já pensou que, enquanto o sol brilha aqui, no outro lado do mundo já é noite? Já viajou e chegou na mesma hora que você saiu? Pois é. Tudo é uma questão de referencial. E de cultura! E quando se "viaja", pode-se mudar tudo; variar de parâmetros, personagens, sem compromissos!!! Eu vivi, feliz, duas primaveras... No Brasil e na Europa... Aqui vão estas e muitas outras. E que seja assim sempre: várias primaveras de mim mesma!!!

5.2.07

Natal e a virada do ano

Combinando bem com a indecisão que ando ultimamente, eu não conseguia decidir se iria para Sydney para passar meu Natal com meus amigos, ou se iria para New Castle para passar com a família de outro amigo. Fiquei enrolando, enrolando, até que decidi ir para NC e depois ir para Sydney encontrar o pessoal e passar o ano-novo lá, já que diziam que era uma das viradas mais bonitas do mundo.

O único problema é que uma amiga da Sand me chamou para ir a um churrasco, no Mowbray, de novo, exatamente quando eu ia na loja comprar a passagem. Cheguei lá e encontrei outros amigos que estariam indo de carro 3 dias depois. Pronto, mudei de idéia de novo.... Resolvi ir com eles e passei a tarde no churrasco..... Só fomos ao Valley, para ver se a gente conseguia alugar uma van, dessas com cama e banheiro, assim não precisaríamos nos preocupar com acomodação já que ninguém tinha planejado nada, reserva de hotel então, nem pensar.....

Infelizmente não encontramos nenhuma loja aberta e deixamos para voltar no dia que iríamos viajar, porque as lojas já estariam abertas. Combinamos também de passar juntos, sabe Deus onde..... Como o Jean e o Leo tinham acabado ficando em Brisbane, para resolver outros problemas pessoais deles, eles acabaram nos encontrando no Mowbray e dali fomos todos para minha casa, depois de comprarmos mais vinho. Jean preparou um maravilhoso risoto tailandês e ficamos bebericando e conversando, enquanto o louco do Julian, meu amigo colombiano, roncava chapado no sofá da minha casa.

Dia de Natal, 24, eu estava exausta. Depois que Julian ressurgiu das cinzas e foi embora, Jean me ligou, insistindo para eu ir no churrasco australiano na casa dele e lá foi Danizinha para um programa bem australiano bem no Natal....Passamos a tarde no churrasco e eu saí com o intuito de ir para a festa de uma amiga em Spring Hill, mas os meninos demoraram tanto que eu acabei indo jantar direto com eles no Valley. Foi super legal, mas nada teve de Natal.... Quando deu a meia-noite, eu estava dançando ¨everybody dance now¨ numa disco em Valley que, por sinal, estava lotada.... Nem bebemos os vinhos que tínhamos porque não a disco não era do tipo BYO ( bring your own).

Dia seguinte, eu estava cansadona, de novo.... Liguei para minha família e passei o dia em casa, descansando e arrumando a mala. Engraçado que os australianos mesmo comemoram no dia 25, não fazem nada na virada, muito engraçado..... Nem vi a Fe e o Rodrigo, tampouco sabia que eles estariam se mudando para minha casa logo depois do Natal.

Depois, mala quase pronta, foi o parto para arrumar o carro, bem diferente da viagem para Byron com Jac Boy. Rodamos vários lugares e o pior que estava chovendo horrores... Vimos vários sites na internet e ligamos para mais uma dúzia de lojas de aluguel de carros. A van, que teria facilitado nossa vida em Sydney, não foi possível. Por fim, conseguimos um carro na Abel, por um preço razoável. Eles foram buscar a gente na universidade, nosso ponto de encontro, e lá fomos nós, rumo a Sydney. Antes ainda fomos no cinema, em South Bank, para assistir ao engraçadíssimo filme Night in the museum e comer alguns kebabs.

Ainda tivemos que passar na casa do Julian, porque ele não tinha levado a mala, porque estava muito pesada....Mas era caminho e logo passamos por lugares lindos da estrada. Claro que, para variar, nós nos perdemos antes no caminho. Ao contrário de mim e do Jac, Ramon, meu amigo espanhol, tinha comprado um mapa, o que certamente facilitou nossa vida com os 1000 quilômetros que teríamos pela frente.......

Pelo caminho, vimos alguns dingos e kangaroos. Engraçado porque é o tipo de situação que você não imagina... Estar, um dia, viajando de carro e ver um kangaroo pulando bem ao seu lado, na margem da estrada.

Infelizmente também vimos alguns kangaroos atropelados. Ainda no início da viagem, nós nos perdemos, claro...Mesmo com mapa, não deu jeito, porque a sinalização não é lá essas coisas...

O primeiro lugar que paramos foi Evans Head, muito bonito, uma gracinha, cheio de pontezinhas e de decorações de Natal. Logo depois, paramos em Ulmarra, para ver o pôr-do-sol. Um dos mais lindos que eu já vi em toda a minha vida. O céu parecia um borrão vermelho, mais o rio, com os peixes pulando e os pássaros sobrevoando. Um verdadeiro paraíso.

Na verdade, Ulmarra é um povoado aborígine. No deck onde paramos, havia várias pessoas com o mesmo propósito que nós, ir para Sydney, parando no caminho e, naquele momento, ver o maravilhoso sunset. Lembro que o lugar tinha umas poucas ruas e estava tudo fechado já, naquela hora. Ficamos bricando que parecia uma cidade fantasma. As únicas pessoas que vimos foram no tal deck e no pub, o único lugar que estava aberto, although empty.

Ainda seguimos mais e paramos numa cidadezinha, antes de Coffs Harbour, onde começamos a procurar um lugar para passar a noite. Pode onde passávamos, encontrávamos tudo fechado. Encontramos um acampamento e fomos perguntar, porque tinha a maior galera lá. Por via das dúvidas, já que não tínhamos reservado nada em Sydney, nem em lugar nenhum, nós levamos uma barraca, apenas uma para nós todos.... Pois então perguntamos no tal acampamento e o grupo era da igreja... Foi engraçado porque eu e Julian olhamos um para cara do outro, pensando que não ia rolar...

Nada contra religião, por favor, não me entendam mal, mas não estávamos exatamente buscando passar uma noite fazendo jogos e entoando cânticos religiosos.... Eles até falaram para gente ir pedir autorização no posto policial, que era bem ao lado, para ficar lá. Nós falamos com os policiais, eles também sugeriram que ficássemos lá, mas nos deram um endereço de outro camping, que estava fechado, tudo apagado, estranhíssimo....

Mortos de fome que estávamos, nós felizmente achamos uma pizzaria e então rumamos para Coffs Harbour. Incrivelmente, todos os hotéis tinham escrito ¨no vacancies¨.... Ainda paramos em alguns para perguntar, procuramos outro acampamento, tudo lotado..... Já estávamos começando a ficar bolados porque era quase onze e pouco da noite, porque ali eles já tinham uma hora de diferença de Brisbane, o tal daylight saving, nosso horário de verão no Brasil.

Foi então que, do nada, eu vi escrito backpacker. Paramos e fomos perguntar. Estava lotado mas o cara nos indicou outro backpacker e bingo, lá eles tinham quarto. O lugar era super agradável, com um pub no primeiro andar. Eu fiquei conversando com o gerente porque, naquela hora, a recepção já estava fechada. Ele me falou que só tinha dois quartos para gente, um com duas camas de casal e outra com camas separadas mas num quarto com outras 4 pessoas. Claro que preferi o quarto onde a gente podia ficar sozinho. Não é que quando os meninos viram a cama, ficaram passados... Não queriam de jeito nenhum dormir na mesma cama e lá fui eu, morta de vergonha, pedir pro gerente para mudar de quarto, porque os meninos não falavam inglês direito... Cada coisa que a gente passa na vida...rs.....

Foi bom porque eu só tomei banho e fui para o pub, no próprio hostel, onde fiquei até sabe lá que horas, bebendo e dançando. No outro dia, para levantar, foi um parto. Não sei quem estava mais sonolento. Fomos tomar café-da-manhã num café super agradável que tinha, numa avenida que parece Miami.... Eu e Ramon fomos em várias lojinhas, para conhecer um pouco Coffs. Aliás, uma coisa a dizer de Coffs... É impressionante o número de sebos, Ramon penou para me arrancar dali.... E todos com livros bons e baratos. Também fomos para uma loja de camping para comprar outra barraca porque, nessa altura, já não tínhamos esperança de encontrar hotel em Sydney. Foi engraçado porque o prêmio de loterias deles, tipo megasena, estava acumulado. Aí a gente comprou e ficou brincando que não iríamos mais voltar de Sydney, milionários que ficaríamos...rs....

Dali, voltamos para estrada e rumamos para Port Macquarie, uma cidadezinha super agradável, com uma praia maravilhosa. Tinha que ver, uma gracinha! O mar estava azul, calmo e lindo. Sem contar os caminhos de pedras e os desenhos com grafite. Muito legal mesmo. O terrível nessa cidade é a sinalização para variar, nós nos perdemos várias vezes.... Foi praticamente o único dia de sol em toda a viagem.

Depois de uma maravilhosa refeição, seguimos para Sydney. Claro que nos perdemos de novo, próximo a New Castle. Até cogitamos a idéia de ficar por lá, mas Julian estava atormentando para chegarmos logo em Sydney, então lá fomos nós.... E eu nem conto para vocês a loucura que foi... Rodamos mais de 3 horas de carro, nenhum acampamento aberto, porque já era tarde da noite..... Fomos para lá e para cá e Sydney não é um ¨vilarejo¨ que nem Brisbane, é grande de danar.... Cada pessoa que perguntávamos sobre hotel e camping dava risada, incrédula que fossemos achar algo. Mas todo mundo informava, ajudava. Paramos em mil lugares para eu pedir informação, no posto de gasolina, no Hungry Jack´s etc.

Mais de uma pessoa nos disse para dormirmos no carro e arriscar levar a multa (150 dólares...). Acabamos indo parar, pela primeira vez, na praia de Mainly, uma gracinha de porto e de cidade. Lá, jantamos, porque já era tarde da noite e bebemos para relaxar um pouco. Depois, também fomos para vários backpackers e hotéis. Tudo lotado. O único que encontramos era 400 bucks a diária; facada, facada, nem cogitamos ficar....

Sei que resolvemos dar mais uma volta de carro, estávamos cogitando a idéia de voltar para New Castle, já era para lá de duas da matina, quando eu vi um hotel numa ruazinha perpendicular a rua que estávamos passando; Travelodge. Paramos lá e, incrédulos, descobrimos que eles tinham um quarto vago, menos de um terço do preço... Julian não quis pagar, mas a gente estava tão cansado, tão louco por um banho, que ficamos assim mesmo. Bem melhor que os albergues, claro... Televisão, quarto próprio, microondas....

Dia seguinte, a gente até queria ficar lá mesmo, mas Sr do Contra ainda nos fez rodar de carro mais 3 horas para se convencer de que não havia, nem camping, nem outro hotel vago. Finalmente resolvemos ficar, só que não tinha mais quarto, porque tínhamos feito o check out às 9 da matina... Sei que conversa vai, conversa vem, até falei com uma mulher do Travelodge de outra filial ( engraçado que ela ouviu minha conversa em espanhol com os meninos, enquanto traduzia as coisas para eles, e perguntou se era espanhol. Eu falei que sim e ela falou que pena, porque ela era portuguesa e falava português, mesmo estando vivendo na Austrália há mais de quinze anos... Eu falei que era brasileira e ela podia falar português... Só estava falando com eles em espanhol porque eles só falavam isso, não compreendiam português....).

Enfim, o gerente do hotel falou que ia arrumar um quarto para gente e a gente, na confiança, deixou a mala no carro e saiu para conhecer alguns lugares. Já de cara, ficamos encantados com a Darling Harbour, 525 mil fotos...rs..... Quando avistamos a Opera House então, nem se fala...rs..... Foi engraçado porque decidimos ir para cidade de carro e foi a maior novela para estacionar. Porque o lugar onde poderíamos pagar o dia inteiro, num prédio, era os olhos da cara. Na rua, a gente tinha que comprar o ticket e renovar a cada duas horas; um porre.

Bom, em Sydney, a gente caminhou horrores.... Andamos todo o caminho do porto, conhecemos várias lojinhas e prédios. Fomos na Opera House, que é imensa, linda, com uma vista divina de Sydney. A gente parecia criança, tirando foto de tudo, até do táxi aquático, um barato.... Almoçamos mais de uma vez nos restaurantezinhos do porto, com a vista do rio, muito massa. E o aquário de Sydney??? Eu parecia criança na parte que você vê os tubarões no teto. Eu fiquei de um lado para o outro....rs... Tirei mil fotos e fiz mil vídeos....rs..... Fora o tamanho dos bichos; lulas, lagostas, peixes gigantes....

Outra coisa muito legal é o VLT que corta a cidade. Em alguns pontos, passa por dentro dos prédios, o máximo. Seria uma ótima solução para o trasporte do Rio, porque em alguns pontos deixaria de ser VLT para ser subterrâneo. Os prédios são muito bonitos, alguns gigantescos, do tipo que não se vê em Brisbane.... A vista da torre de Sydney dá uma idéia de quão grande a cidade é. A gente ficou embasbacado lá. Tem também uma simulação virtual around Austrália, um barato!

A gente gostou tanto de Mainly que voltamos lá algumas vezes, inclusive para beber e relaxar à noite. Fora os kebabs deliciosos que eram vendidos lá. Também havíamos visto um restaurante brasileiro, no primeiro dia, e eu voltei lá para comer coxinha de galinha e beber guaraná antarctica, um barato. Fazia milênios que eu não comia coxinha de galinha, ai, ai.... Fizemos passeios de barco para ver a vista de Sydney - linda- do rio, com os principais pontos turísticos. Posso dizer que tenho um verdadeiro book da Opera House...rs....

Caminhamos pelo Centro e fomos na galeria de arte, nas igrejas, no jardim botânico, várias fotos, shoppings ( estavam inclusive montando as tendas para festa do ano-novo). Aliás, foi engraçado porque, na igreja, eu estava pensando, em espanhol, e me dei conta que a palavra Adios, é como ao desejo de Deus. Pensei em português e era o mesmo. Adeus (A Deus)..... Que coisa curiosa, nunca tinha pensado que quando a gente se despede, fala 'A Deus', talvez porque o próximo encontro seja indefinido, a Deus..... coisa bem própria para se pensar numa igreja....rs.......

Além das praias próximas a Mainly, também fomos a Bondi, que tinham me dito que era uma das praias mais bonitas de Sydney. Pena que o tempo estava horrível... Comi frutos do mar à beira da praia e fui numa feirinha maravilhosa que, aliás, também tinha vários second-hand books.

Ah, my friends, é claro, o ano-novo.... Nessa altura, a gente já tinha encontrado a Vivian e o outro colombiano. Infelizmente nem pude ver meus três outros amigos australianos que estavam em Sydney. A gente ficou numa indecisão danada de onde passar, porque haviam nos dado algumas excelentes opções. Bom, mas isso vai ficar para outro post, porque, mesmo tentando resumir, esse já está imenso....