Duas Primaveras

Você já pensou que, enquanto o sol brilha aqui, no outro lado do mundo já é noite? Já viajou e chegou na mesma hora que você saiu? Pois é. Tudo é uma questão de referencial. E de cultura! E quando se "viaja", pode-se mudar tudo; variar de parâmetros, personagens, sem compromissos!!! Eu vivi, feliz, duas primaveras... No Brasil e na Europa... Aqui vão estas e muitas outras. E que seja assim sempre: várias primaveras de mim mesma!!!

21.1.07

Byron Bay

Essa seria a última semana do Jac em Brisbane, por isso, começamos a cogitar a idéia de viajarmos juntos. Durante o fim de semana, já tínhamos cogitado a idéia de irmos, finalmente, para Byron. Na terça-feira, eu fui para o curso (embora já tivesse a minha nota, tinha que continuar indo ao curso por causa da minha attendance e meu visa), mas, para minha surpresa, não tivemos aula. Já em clima de Natal, fomos para o Irish club e ficamos lá, jogando sinuca, bebericando e conversando. Comecei cedo naquele dia, porque tinha combinado de ter um farewell jantar para o Jac, no Venice, em Riverside. Fiquei com o pessoal no club e depois fui para o Venice.

Os meninos se atrasaram, mas, como tínhamos feito reserva, não tivemos muito problema. Ficamos conversando, bebericando vinho do bom, comendo uma comida delicious ( e cara….), à beira do Rio Brisbane. O papo foi louco como sempre, variou da entrevista de emprego do Leonardo até Nature X Nature. Metendo sociologia e comportamento no meio…. Também lembramos várias histórias, daquelas típicas nostalgias da vida. Ficamos lá até tarde e, quando voltei para casa, ainda encontrei a brasileira Cláudia no City Cat. O que é engraçado, sempre se encontra gente conhecida no City Cat….

Eu e Jac deixamos mais ou menos combinado que iríamos viajar no dia seguinte. Mas o nosso combinado era da gente se encontrar pouco antes do almoço em frente à casa do Jac, perto da Story Bridge. Dia seguinte, estava eu lá com minha singela mochila. A gente nem tinha pego endereço de loja de alugar carro, nem visto o caminho, nada….

Simplesmente pegamos alguns folhetos que estavam na recepção do apart e, antes mesmo de ligarmos, a menina da recepção, que era nossa conhecida, falou que podíamos ligar para uma daquelas companhias dos panfletos, porque tinha convênio com o apart. Ligamos, o cara tinha carro disponível e falou que, se passássemos um fax naquela hora mesmo, ele podia levar o carro para gente no apart. Nem chegamos a sair do hotel, ficamos checando mails na internet e preparando alguma comida para viagem e logo logo o cara chegou com o carro. Easy, easy.

Rumamos, então, para Byron. O problema é que só tínhamos um mapa, onde Bryon Bay não estava escrito. Perguntei ao Jac se ele sabia onde era e ele disse que era perto de Sunshine Coast. Perguntamos onde era Sunshine para um taxista e ele nos disse que era o sentido contrário que estávamos indo. Retornamos e fomos no outro sentido. Depois de quase meia-hora dirigindo, nenhuma placa indicava Bryon, começamos a desconfiar que estávamos no caminho errado, principalmente quando começamos a ver escrito Cairns. Perguntamos e descobrimos que havíamos errado, Byron era perto de Surfers Paradise, lado contrário de Sunshine coast.... Ainda bem que estávamos somente eu e Jac, dois tranquilos que não esquentam a cabeça. Jac me perguntou "e aí, seguimos para Sunshine coast instead, ou vamos para Byron mesmo?" Eu respondi que tínhamos planejado ir para Byron, então que voltássemos.

Demos a volta e nos perdemos no Centro de Brisbane, do outro lado, perto do Suncorp Stadium. Tivemos que parar, perguntar a um cara, com um mapa na mão, para acharmos o caminho da Pacific Highway de novo.... Sei que quarenta minutos depois ainda estávamos em Brisbane, rindo muito, mas finalmente seguindo para Bryon.

A viagem foi tranquila, relax, falando muita besteira e ouvindo música, com paisagens lindas. Chegamos em Byron, estacionamos o carro na praia e fomos dar uma volta. O tempo estava ótimo, mas como era alta temporada, pagamos o estacionamento ( é por ticket na máquina) e fomos procurar hotel. Nada. Tudo lotado, até mesmo nos backpackers. Os únicos hotéis que encontramos vaga - dois apenas - tinham a diária em torno de 400 dólares. Começamos a cogitar a idéia de ir para outro lugar, ou de repente ir visitar nossas amigas D ou S, ao menos para passar a noite e procuraríamos melhor no dia seguinte. Entretanto, num dos backpackers que fomos, o cara nos deu uma lista de possíveis locais onde poderíamos encontrar vagas e com preços menos salgados. E não é que achamos um hotel bem legal, perto da praia e do centro - próximo à linha do trem - por apenas 130 dólares por dia e com vários quartos.

Foi engraçado porque a mulher nos perguntou se queríamos leite para o café da manhã, porque o quarto do hotel tinha coisa para preparar o próprio café da manhã. Jac olhou para mim, incrédulo, com uma cara tipo assim ¨ leite¨. Não acreditando que eu pudesse tomar leite...rs... Eu ri, fiquei sem saber o que responder... Depois ficamos rindo, dizendo que podíamos usar o leite para fazer coquetel...o leite ficou lá todos o dias...rs.......

Já devidamente instalados no hotel, Jac resolveu ligar para S, porque achava que ela morava numa cidade perto dali. E não é que ela estava justamente em Byron??? Ela combinou de nos encontrar lá. Nessa altura, já estávamos bebendo as cervejas e uísque que tínhamos levado. S chegou, conversamos um pouco e fomos comer num excelente restaurante tailandês, onde ainda bebemos vinho....

Dali, cismamos de ir para um pub muito maneiro que tinha em frente à principal praia de Bryon. No caminho, vimos várias pessoas na rua tocando música, muito legal. Mark depois disse que às vezes era possível ver também um pessoal fazendo malabarismo com fogo; talvez porque estivesse chovendo, não vimos. Fomos também ao cassino, para os famosos pokies, onde, incrivelmente, eu comecei a ganhar dinheiro.

Conhecemos uns australianos que estavam passando dias em Byron e dali fomos para um club. Estava todo mundo arrumado no club e eu cismei que não estava me sentindo bem porque estava de biquíni, camiseta e calça capri. Pedi cinco minutos para tomar banho e eles ficaram estupefatos porque eu tomei banho em cinco minutos mesmo, era só uma ducha para tirar o suor e trocar de roupa.....Nessa altura, já estávamos tocados, tocados. Voltamos para o club e ficamos dançando. Tinha uma varanda linda no lugar... Cerveja, coquetel etc. Saímos de lá doidos, doidos. Cadê que lembrávamos no dia seguinte o nome do club??? Depois descobrimos qual tinha sido e que tínhamos feito o caminho mais longo para voltar....rs.... S passou a noite vomitando no banheiro, pensei que ela fosse ter um troço... E a coitada ainda acordou cedo para ir trabalhar....

Dia seguinte e todos os outros dias, o tempo estava péssimo, cada vez ficando pior..... Isso foi engraçado porque o Jac depois me contou que acordou comigo olhando pela janela e xingando s, s, s and f, f, f...... Veio me perguntar o porquê e então eu fiz força e lembrei que tinha levantado para ir ao banheiro e, quando vi o tempo terrível, comecei a praguejar inconscientemente. Isso virou brincadeira o resto da viagem.... s, s, s and f, f, f...

Como o tempo estava bem longe de ser de praia, caminhamos pela cidade, para conhecer alguns pontos andando. Decidimos, então, fazer um curso de vôo livre para poder fazer skydiving, que é queda livre e pára-quedas depois. Antes, compramos mais bebida num Bottle Shop, para deixar na geladeira. Comprei outra coisas, como um tênis, para poder saltar, já que não tinha um sapato fechado confortável para saltar. Tomamos café da manhã num restaurante super agradável e tentamos inúmeras vezes ligar para S, mas o telefone estava desligado. Achamos que ela devia estar ¨morta¨ em casa, depois do longo final de noite chamando o Raul no banheiro..... Nesse meio tempo, eu já tinha falado com Mark e ele tinha tido que iria tirar folga e encontrar a gente, mas não em tempo, infelizmente, de saltar com a gente. Ele ficou super triste inclusive...

Finalmente fomos para o local combinado, para ir fazer o curso. Passamos o dia lá, recebendo instruções como devíamos fazer para saltar. Foi engraçado porque estava eu, Jac boy e duas meninas, não lembro de onde agora.... Estávamos brincando, falando besteira e rindo, quando o instrutor falou sério ¨se vocês não prestarem atenção, podem ter um problema sério, como uma perna quebrada ou algo pior¨. Rapidinho eu e Jac ficamos sérios e compenetrados e refletindo se estávamos entendendo todas aquelas expressões incomuns de salto em inglês. Terminado o curso, o tempo não ajudou, o cara nos disse que não seria possível saltar com aquele tempo e voltamos para o hotel, na esperança que pudéssemos saltar mais tarde. Fomos para o hotel e, felizmente, algumas horas depois a mulher nos ligou para saltar. Nesse meio tempo, Mark chegou em Byron e ficou nos esperando num pub.

O salto foi tudo de bom..... Eu tinha que ser a primeira, claro.... Ninguém acredita, porque eu morro de medo de altura e a sensação lá de cima é uma coisa de louco.....14000 pés de altura, dá para acreditar??? A vista é linda, nem preciso dizer. Vimos o famoso farol lá de cima e as bonitas praias e paisagens. Logo saltei e cadê que a gente lembra as coisas que eles falam, ninguém...rs.... A sensação de vôo e liberdade é uma maravilha. São quase dois minutos em queda livre e depois ele abre o pára-quedas, porque fiz o tandem, claro, de outro modo teria que fazer o curso por 4 finais de semana, muito tempo de comprometimento para mim...rs.....

Depois são quase cinco minutos até descer, uma delícia. Pior que a gente tinha bebido horrores no dia anterior e o estômago revira que é uma beleza. Ficamos brincando, imaginando se S tivesse ido fazer isso com a gente.... Jac me agradeceu porque, antes do vôo, ele queria beber e eu lhe disse que era melhor não, que ficaríamos enjoados.... Disse isso porque já tinha saltado antes....

Esperamos para ver o DVD e saímos que nem criança depois. Encontramos Mark e saímos para conhecer o famoso farol de Byron, onde vimos um entardecer divino, incluindo a chuva repentina e os maravilhosos raios; tenho vídeo e tudo. Dali, fomos para o hotel para nos arrumarmos e saímos para comer num restaurantezinho delicioso que o Mark conhecia, porque já tinha morado lá em Byron. Gente, eu tenho que confessar que comi carne de canguru. É gostoso, super macio e nem é pesada. Só comi um pedacinho do prato do Mark, porque não queria me sentir muito culpada de estar comendo aquele bichinho tão fofo......

Quando estávamos comendo, S deu sinal de vida e foi nos encontrar no restaurante. Descobrimos, também, que existe uma cerveja com o nome de Byron. Experimentamos e é boa também. Dali, fomos para um dos pubs mais famosos de Byron. Tínhamos ido lá antes do restaurante, mas como não tinha comida e estávamos morrendo de fome, fomos procurar um lugar para comer.... O pub é super legal, mas estava chovendo horrores..... Ficamos um pouco lá e fomos para outro pub que também tinha pokies..... S ficou cansada, ainda resquício da noite anterior, e foi para o hotel. Nós perguntamos a uns transeuntes e acabamos num lugar chamado Lalali, dá para acreditar???

Voltamos para o hotel e chapamos.... Dia seguinte, café da manhã num restaurante maravilhoso, à beira da praia. Foi engraçado quando fomos pagar porque a mulher olhou a gente com uma cara, porque éramos dois no início e, no final, éramos quatro, ela ficou rindo com uma cara de ¨a festa foi boa, hein¨...rs... Aproveitamos para ir à praia de novo, mas ainda estava chovendo horrores. Ficamos brincando que devíamos ter aproveitado a praia quando chegamos, único dia que fez sol. Por isso, não passamos o dia na praia dia nenhum, embora estivéssemos bem perto..... Depois do café, fomos na casa de S, porque ela queria ir com a gente para Brisbane, para festa de despedida do Jac e minha amiga espanhola Mary.

Comemos lá e conhecemos os amigos australianos dela, depois rumamos back to Brisbane. Estávamos exaustos, mas fomos deixar algumas coisas na minha casa, onde nem fiquei, peguei outras roupas e fui para casa do Jac, porque queria aproveitar até os últimos segundos de meu grande amigo em Brisbane. Mark estava exausto e ficou em casa, pelo caminho. Na casa do Jac, encontramos Leo e Royce, que almoçaram junto com a gente. Ficamos conversando e resolvemos ir para Southbank para ver o filme ¨The holiday¨. Estávamos tão cansados das farras de Byron, que fomos para um café em South; encontrei meu amigo aussie Chris que nem acreditou que eu estava tomando um café...rs....

O filme foi tão bom, bem melhor do que esperávamos, que até nos animou. ¨Espíritos do mal, transformem essas formas decadentes em Mun-ha¨... Sempre lembro dessa brincadeira que fazíamos num maravilhoso carnaval em Garopaba..... Pelo menos nos filmes, como The Holiday, o amor pode ser lindo e realizável, quando puro e sublime......


Animados que ficamos, resolvemos sair para outro lugar. Fomos primeiro para o pub da Salsa em South, onde ligamos para minha amiga Mary, que estava indo embora também. Encontramos ela no Irish pub, no Centro, onde ficamos bebendo e dançando. Eu já estava tocada, tocada. Muito emocionada também, ¨perdendo¨ dois amigos de uma vez só.... Quase subi no palco para fazer declaração, ainda bem que deu um problema no microfone.... Gente, chorei e tudo..... A quarta vez, creio eu.... Está virando rotina....


Marian estava lá também... Não satisfeitos, fomos para o meu querido club Fringe - que eu sempre disse Fridge e a pouco tempo descobri que era sacanagem do R -, onde todos se perdiam todo o tempo, dado o grau de loucura. Quando voltei para casa, Mary já estava lá e fiquei conversando com ela até a hora dela ir ao aeroporto pegar o avião dela. Triste, triste...ai, ai, ai.....

Dia seguinte, assim que acordei, falei com o Jac, porque tínhamos pensado em fazer, também, um farewell barbeque . Engraçados que fizemos tantas celebrações, mas pela nossa amizade e pelos maravilhosos momentos que sempre passamos juntos do que pela ida embora do Jac, que não era, definitivamente, motivo para comemoração. Confesso que me senti sozinha aqui. Sem Jac e sem Gustavito, era como se estivesse sendo privada de minha segunda família, a família que escolhi em Brisbane...... Anyway, I have been surviving.....


Bom, nem preciso dizer que nós não tínhamos fígado para fazer churrasco.... Fui para casa do Jac para comer lá e S já tinha até retornado para perto de Byron, onde vive. Mark chegou e fomos todos para o cinema, em Bulimba. Eu, Mark, Jac and Royce. Depois comemos num restaurantezinho e voltamos. Os meninos ainda iam assistir a um filme, em casa, mas Danizinha tinha que trabalhar, foi dormir, tentar descansar.....


Sorry about this big post....muito tempo sem escrever e querendo contar tudo logo..... Besos, besos....