Duas Primaveras

Você já pensou que, enquanto o sol brilha aqui, no outro lado do mundo já é noite? Já viajou e chegou na mesma hora que você saiu? Pois é. Tudo é uma questão de referencial. E de cultura! E quando se "viaja", pode-se mudar tudo; variar de parâmetros, personagens, sem compromissos!!! Eu vivi, feliz, duas primaveras... No Brasil e na Europa... Aqui vão estas e muitas outras. E que seja assim sempre: várias primaveras de mim mesma!!!

5.7.06

Voltando a Nimbin: a fogueira

Depois do jogo do Brasil, so me resta voltar a falar de Nimbin...Nao ha a menor possibilidade de descrever o frio que estavamos sentindo. Um dos meninos ja tinha inclusive tirado a camisa e me dado.

R acabou comprando um outro casaco, tipo mexicano, lindo por sinal. Foi bom porque ficamos com mais um casaco e ele queria comprar uma camisa mesmo. Engracado porque, numa das lojas que entramos, ele veio me perguntar se uma camisa era de homem ou mulher. Como se eu fosse a pessoa certa para dizer algo, afinal, cada um usa a roupa que quer... Anyway... Depois acabei vendo esse casaco e ele gostou.

E eis que, depois de tudo, fomos de novo para o acampamento. Sentamos numas cadeiras que estavam largadas. Tinham varios grupinhos de pessoas ao redor de fogueiras. De mil nacionalidades diferentes, suponho... Algumas tinham barraca de camping, a maioria nao tinha para onde ir, como a gente.

Bem perto, tinha um desses grupos heterogeneos na maior baderna. De repente, levantou todo mundo e saiu. Ficou so uma menina. Levantamos correndo porque tinham poucos forninhos para jogar lenha.

A menina era japonesa e estava dormindo. Quando a gente foi perguntar se podia sentar, sem querer acordamos ela. Pegamos lenha e colocamos na fogueira para manter o fogo. A vida eh uma eterna contradicao... Logo estavamos morrendo de calor... Os joelhos e os pes "queimando", proximo ao fogo.

Foi um tal de senta gente desconhecida, conversa e sai... Porque nos eramos quatro, mais a japonesa, e havia varios lugares sobrando ao redor da fogueira.

O papo correu doido, uma loucura total, bem no clima. Cheguei a ser tia do R e o Jac chegou a ser nosso pai... Calcula... Detalhe que ninguem tem nada a ver com ninguem e nao existe uma diferenca de idade que possa viabilizar isso... Enfim...

Ah, claro, teve a historia do "Guatemaltec". Isso ja virou "lenda" entre a gente. R foi dizer pra japonesa que ele era da Guatemala e eu, sua tia, havia costurado aquele casaco para ele. E ela so olhando, concordando, nao sei bem se entendendo ou nao... Ate hoje a gente brinca, tudo eh Guatemaltec...rs...

Quem ficou mais tempo na roda foi o russo, junto com o australiano. E o cara era "inspirado". Estava filosofando que era uma loucura... O que fazia o papo ficar ainda mais doidera. Natureza ao redor. Cobertor de estrelas.

E as estrelas cadentes, como lembrancas sendo guardadas na memoria, "caixinhas de alegria" para "abrir" em "caso de necessidade" futura... Como os trapezios de Bras Cubas... Alguem ja leu esse livro? Eu sempre lembro disso...

Muito tempo depois, J and R estavam caindo de sono. R comecou a balbuciar para o garoto russo, ja meio dormindo: "bullshit". Eu ja estava comecando a ficar com sono tambem e com meus joelhos "queimando", doida de vontade para fazer xixi. Era a hora de levantar.

E eh claro que foi todo mundo comer na unica lanchonete que ainda estava aberta. Era madrugada total... Todo mundo virgula... A japonesa continou dormindo, sozinha, ao redor da fogueira.

Nessa altura, as ruas ja estavam vazias. Nem se via mais os policiais rodando, montados nos cavalos ( que eram lindos, pareciam super bem tratados, por sinal...).

Na lanchonete, pegamos uma fornada de... Sei la qual era o nome daquilo... Parecia um joelho ( italiano, whatever...), mas nao era bem isso. Uma delicia, estava quentinho!

Dentes escovados, banheiro e fomos para o carro. Tudo bem que era uma pick up, mas putis, que cochilo desconfortavel... Fora que, longe da fogueira, cada vez mais frio... Devia estar uns oito graus, segundo Jac supos. Tanto que R volta e meia ligava o carro, so para ligar o aquecedor. Quando estava quentinho, desligava. Depois fazia o mesmo de novo. E isso porque a gente estava usando tudo para se cobrir: toalha, canga, mais de uma camisa... Foi assim ate amanhecer, o que nao demorou quase nada...