Duas Primaveras

Você já pensou que, enquanto o sol brilha aqui, no outro lado do mundo já é noite? Já viajou e chegou na mesma hora que você saiu? Pois é. Tudo é uma questão de referencial. E de cultura! E quando se "viaja", pode-se mudar tudo; variar de parâmetros, personagens, sem compromissos!!! Eu vivi, feliz, duas primaveras... No Brasil e na Europa... Aqui vão estas e muitas outras. E que seja assim sempre: várias primaveras de mim mesma!!!

30.9.04

Nosferatu

Bom, os dias estavam lindos e eu estava em Londres (...risos...). Comprei um lanche e fui comer no Green Park, como, aliás, os ingleses costumam fazer muito. Ali, sentada, veio a figura.

Eu comendo e o cara, maior jeito de Nosferatu, aproximou-se e se sentou ao meu lado, na grama. Cabelos bem lisos, pretos, muito, mas muito branco, bem magro. Com aquele sotaque (já estava me acostumando...), começou a falar, puxar assunto.

Ele era muito estranho, ameacei me levantar com a desculpa que tinha parado de fumar (mentira, mentira...), não ia suportar ficar ao lado dele fumando; aí ele apagou o cigarro e eu fiquei. Que jeito... Comecei a conversar, até parei de comer de tanto que ele me encarava, estava incomodada.

Ele disse que já conhecia o Brasil e citou vários lugares. Devia conhecer mesmo. Falou que raramente estava na rua de dia, porque havia trocado o dia pela noite... Que gostava muito de beber, não trabalhava porque era muito rico... Coisas assim, papo muito estranho, cheguei a suspeitar que estava em algum programa tipo Candid Camera...

O papo descambou para ele me chamando pra ir à casa dele... Beber uísque. O que no final da viagem, já tinha virado um hábito meu mesmo ( beber uísque, não ir para casa de desconhecidos com cara de maluco...).

Não fui, claro, e uma hora cansei daquele papo maluco e disse que tinha que encontrar uns amigos. Levantei, fui andando e terminei de comer do outro lado, no St James’s Park.

Claro que sentou outro cara no banquinho onde eu estava e tudo de novo... Comecei a me zoar dizendo que, além de cara de estrangeira, latina, devia estar com cara de p...

Anyway, ao longo da viagem, eu me acostumei ao fascínio que minha cor, para eles muito morena, exercia de uma maneira geral... Digo, para eles, porque, ao sair do Brasil, já não estava muito morena, naquela altura do campeonato então... Mas, vendo as fotos, hoje, reconheço que, ao lado deles, sou muito morena mesmo com a cor branca...

Neste dia, desisti de comer e fui para o Palácio de Buckingham. O jardim é qualquer coisa de lindo. Muito mesmo, principalmente considerando os dias lindos que estavam ocorrendo...

Euzinha

29.9.04

The first night

Combinamos de sair. Tomei um bom banho, relaxante, fiquei lendo uma revista massa de Londres e lá fui eu pra night. Junto a uma portuguesa e um americano, nós fomos, após muitas, muitas voltas, para o Doggett’s. Ficamos bebendo, papeando, ainda estávamos nos conhecendo. Muita, muita besteira. O americano estava em minoria, falamos mais português que não sei o quê...

Ah, como me esqueci? Fomos praticamente expulsos do pub. Eles tocaram aquela sinetinha mil vezes... Depois praticamente pararam ao nosso lado... Não, na verdade, eles pararam, esperando que nós terminássemos os copos...

Os lugares não estavam exatamente cheios porque tinha ocorrido uma super festa no dia anterior; o pessoal ainda devia estar na ressaca... E assim voltei pro hostel do meu primeiro dia em London London... Nós ainda ficamos de bobeira no futuro “Hostel Point”...

Euzinha

28.9.04

The first day

[Eternas coincidências de minha vida... Conhecendo Rique Milk, neste post do blog, e tendo a surpresa de receber a ligação: "Here I am, in Rio...". Wonderful to see you again, my friend!!! Thank you so much for such a fantastic weekend. And Búzios??? Here we go, here we go...smiles...Besos...]


Larguei as coisas de qualquer jeito e fui andar. Não dava para acreditar que eu estava em Londres... Levei os mapas, guias, mas fui andando meio sem destino. Sentei numa pracinha e fiz um lanche. Havia várias pessoas fazendo piquenique pelas ruas, que estavam cheias.

Fui andar mais um pouco e avistei o River Thames. Fiquei impressionada. A London Eye, ou Millennium Wheel (...risos...). Atravessei uma das pontes e tinham vários artistas. Uma menina fazendo um desenho lindo no chão. Um grupo imitando os Beatles.

Fiquei observando, depois comprei um sorvete e fiquei olhando o Tâmisa, impressionada. Uma frase saltou aos meus olhos, escrita num dos bancos: “Everybody needs a place to think”. E eu fiquei ali pensando...

Continuei andando, estava com fome de novo, procurava um lugar pra comer e eis que dou de cara, sem pretensões, com o Big Ben. Gente, eu estava em Londres!!! Nessa altura, quase atropelada diversas vezes, carros andando ao contrário... Logo depois, olhando bonitinho pro chão, escrito, “look right”, “look left”...

Comprei um sanduba e fiquei comendo, ligeiramente deslumbrada. Em frente à Casa do Parlamento, diversas faixas contra a guerra; amei.

Continuei andando, andando, até que resolvi voltar pro hostel. No caminho, fui reclamando, porque queria jogar alguma coisa fora e não tinha uma lata de lixo; “p de primeiro mundo”. Estava distraída abrindo a porta de entrada do hostel, quando ouvi assim: “você é do Brasil?”. Era o Rique. Viria a ser um dos meus grandes amigos de Londres.

Uma figuraça, um gay muito louco que "pegou" mais mulher que praticamente todos os outros carinhas do grupo... Junto a ele, conheci a Ta, uma gaúcha gente boníssima também. Eles também me contaram sobre a bomba que tinha sido encontrada numa lata de lixo em Oxford Circus, por isso, eles haviam retirado as latas de lixo...

Ficamos conversando muito. Ele tinha começado a viagem pela Europa, em Londres, mas não conseguiu mais sair de lá; já estava por um mês. Ela tinha feito um curso e acabou ficando... “ai, meu Deus, como vou conseguir sair daqui???”- isto era um pensamento que já vinha atormentando. A idéia de que eu moraria em Londres fácil fácil já tinha se apoderado de mim desde a hora que saí do metrô, em City.

Euzinha

25.9.04

Enfim, enfim, no fim: City of London

Eu preocupada com a imigração, em London, e o carinha estava cheio de graça. Só faltou mesmo pedir meu telefone. Inacreditável, mas eu estou falando sério! Dizem também que a parte do aeroporto onde eu cheguei é mesmo mais tranquila, porque atende vôos dentro da própria Europa.

Juro para vocês que a sensação que eu estava, desde a hora que o avião começou a pousar, era de incredulidade. Putis, eu estaria em Londres em minutos... Com direito a todas as expectativas e significados advindos disso. O quanto eu já tinha lido, ouvido falar, pensado em ir. Sensação muito louca...

O aeroporto é enorme. Fora que você fica o maior tempão esperando na fila da imigração ( pelo menos nós, sul-americanos...). Quando fui pegar minha mochila, já tinha aterrissado há milênios...

Primeira coisa a fazer? Como sempre, fumar um cigarrinho. Só podia numa área reservada que parecia um curral, mas estava cheia. Ah, claro, também tinha trocado uns euros por libra, para não ficar transitando com tanto dinheiro, depois, se eu precisasse, sacaria em euro/libra pelo cartão.

Então fui procurar onde ficava o expresso pro metrô. Estava cansada, queria chegar logo. No trem, o maior barato a BBC. Aquele, aquele sotaque britânico!!!

Saltei, meio enrolada, peguei o metrô. Foi sinistro porque algumas linhas não estavam funcionando. A Circle vivia em manutenção...

Eu, naturalmente perdida, demorei a achar o hostel, em City, embora houvesse placas... Cheguei, dei entrada no hostel. No quarto, que era enorme, havia várias camas e dava para ver a rua em cima. Ao largar as bolsas, conversei com duas meninas canadenses.

Inacreditavelmente o dia estava lindo, acho que foi o dia de mais calor que peguei em toda a viagem. Era "época de sol"; luz!

Euzinha

24.9.04

Adeus...novamente....

E então chegou o fatídico dia de ir embora do hostel. Arrumei as malas no dia anterior e deixei praticamente tudo pronto. Maior aperto no coração, embora alguns fossem ainda em Londres e talvez me encontrassem.

Saindo do hostel, encontrei um cara esquisitão, árabe, eu já com aquela mochila pesada nas costas e ele querendo conversar. Ele me perguntando coisas da França e eu com pressa. Comecei a ficar "bolada", achar estranho, mas ele estava mesmo era dando em cima de mim...

Atravessei a rua me despedindo e, do outro lado, uma senhora veio falar comigo. Brasileira também. Reconheceu pela camisa e imaginou quando viu o árabe cheio de gracinha; “logo vi, os árabes ficam loucos com a gente” – disse, cúmplice. Fiquei um pouco conversando com ela, que mora na França há vinte anos e veio alertar para os pickpockets... Whatever...

Dali, fui encontrar meu amigo norueguês again para depois ir embora da cidade do amor... O trânsito estava caótico e tudo cheio. Mas, afinal de contas, eu iria para London London...

Euzinha

23.9.04

Cachorrês....

Sabe aquelas idéias que surgem do nada? Então, num certo dia, comecei a pensar nos animais. Tanto que nos perguntamos se eles nos entendem, se são capazes de entender comandos por repetição, afetividade, ou sei lá o quê...

Se já era uma dúvida a questão da fala, imagina então o idioma? E isso nunca tinha me ocorrido... Eis que logo me vi, sorrateiramente, ao lado de um cachorro. Ele estava preso, por meio de uma corrente, em uma grade. O dono devia estar dentro de alguma loja porque ele ficava olhando em determinada direção.

Já dá pra imaginar, né? É sério, não riam, mas eu comecei a falar com o cachorro. Primeiro em francês, depois em português, só para testar quais seriam as reações. Não olhei ao redor para ver se alguém estava me achando louca, mas o cachorro não esboçou nenhuma reação...

Muito pelo contrário, ficou me olhando com uma cara impassível que logo me fez lembrar daquele filme, Olha quem está falando, que a criança acha os adultos (não que eu me considere...risos...) uns verdadeiros idiotas... E eu segui o meu caminho...

Euzinha

22.9.04

Expulsos do albergue: imagina???

[Ok, ok, eu admito. Estou doida para chegar a Londres, até no blog... Andei inclusive dando uma "acelerada", mas infelizmente não em tempo de coincidir a entrada na primavera com a chegada a Londres. Anyway, hoje se inicia uma nova primavera, literalmente, e eu desejo que vocês curtam tanto, ou mais, quanto as outras estações!!!]



Nossa, quase me esqueci de uma das histórias mais engraçadas. Quase fomos expulsos do hostel. Chegamos tarde e ficamos bebendo no hostel, cujo bar costumava fechar às três horas da manhã. Mas estavam rolando umas festinhas dos teens do albergue ( estava cheio de adolescentes e nós brincávamos, chamando de teens...) e a coisa estava cheia até altas horas.

Nós estávamos bebendo direto e o “Flo”, o barman, estava sozinho no bar. Só que ele subiu comigo, o outro cara do bar não estava, o bar ficou vazio, então a galera começou a encher os copos, canecos...

Um tempo depois, quando a gente desceu, eu e o Flo, o outro cara estava chamando a gente de ladrão de bebida, querendo expulsar a gente do albergue naquela hora... E já estava todo mundo tocado, tocado ( quando os brasileiros se encontram...)!

E, no dia seguinte, o segurança, que viu tudo, ficou me olhando com “aquela” cara... Tenho de rir, lembrando: “com esta cara de quem não tem nada com isso”...Assovia, assovia...

Euzinha

21.9.04

Torre Eiffel

Enquanto o Branco foi fazer amizade com um camelô ( está pensando que não tem...hum...somos todos iguais, apenas com histórias e culturas diferentes...) de lá para abrirmos o vinho, eu e Gabis fomos comprar cigarro, pois os dela estavam no hostel e os meus pacotes tinham acabado. Tanto os cigarros que eu levei, quanto os que o meu amigo norueguês havia me dado...

O cigarro foi uma nota preta, acho que cinco euros; em torno de 20 reais por um maço... Pensei que estava na hora de parar de fumar, ou diminuir... Andamos pacas para achar e depois descobrimos que estava proibido vender cigarro assim, por isso o cara ficou super "bolado" ao vender pra gente, olhando para os lados, perguntando um monte de coisa... Detalhe que a gente nem quis admitir para o pessoal o quanto tinha custado, é muito vício. E foi mesmo porque, em Londres, paguei diversas vezes...

E aí ficamos horas, sentados, conversando, admirando a Torre Eiffel piscar e brilhar. Com o reflexo no laguinho. Maravilhoso! Enquanto bebíamos vinho, um cara, do Uruguai, se eu não me engano, veio fazer amizade com a gente, tinha morado no Brasil e tudo. Fora a massa de italianos festeiros que apareceu por ali... Este dia foi mágico!!!

E os vendedores? O maior barato, falavam o básico da língua do "nativo” para tentar vender os souvenirs de Paris. Como a pequena torre Eiffel que eu, Gabis e Nat compramos...

E a subida na Torre, num outro dia, não foi menos mágica. Querendo economizar euros e admirar a paisagem, subi aqueles mais de 600 degraus a pé ( que eu podia beber em cerveja depois... ou vinho...). Mas a vista lá de cima vale qualquer sacrifício, que espetáculo!

Bom que eu e Branco nos situamos lá de cima e resolvemos, num problema lógico de escala, ir a alguns lugares achando que era perto (risos...). Andamos muito... Mas é bom para ir conhecendo.

Euzinha

20.9.04

Saltando aos olhos

A gente ainda pretendia ir a Torre Eiffel – Tour Eiffel no dia do baguete, pra ver o pôr-do-sol lá, mas o tempo começou a fechar. Choveu e tudo. Resolvemos fazer uma festinha. Compramos petiscos e vinho ( inclusive compramos cerveja para uma menor parisiense...subversões de brasileiros...).

Lembro também que a atendente do supermerdado estava num humor péssimo... Ainda falei uma gracinha em francês. Daí se vê que meu francês estava bem melhor do que eu pensava, se dava pra responder de forma malcriada em francês... E isso só com o présent, passé composé e um pouquinho do imparfait... Besta, né??? Tem de rir...

Ainda neste dia, pegamos o metrô para voltar pro hostel. No caminho, estávamos numa parte do metrô que não era subterrânea e o Branco apontou para alguma coisa do lado de fora que a gente tinha visitado. Todos nós olhamos e, neste exato instante, eis que a Torre Eiffel, lá longe, começou a piscar... Adivinha? Depois da cara de idiota, saltamos na mesma hora e começou a peregrinação para voltar, ir para Torre Eiffeil, pois estávamos no caminho oposto.

Em 2000, pelo que soube depois de um francês que encontrei no aeroporto, numa homenagem pela virada do ano, eles iluminaram a torre toda. Era só para ser na virada, mas quando foram tirar, houve tantos protestos que eles mantiveram a torre brilhando à noite.

Olha mapa daqui, dali, pega estações diferentes e chegamos enfim na Torre Eiffel, em frente, onde fica uma área de observação da Torre, com um laguinho e tudo.

Euzinha

19.9.04

Be aware!!!

Mas você tem de estar preparado pro pior também, quando viaja, não é tudo sonho e fantasia. Conheço muitas histórias de pessoas que foram, inclusive, roubadas.

Eu não sei exatamente em que dia, mas lembro que estava a maior galera. Estávamos caminhando dentro do metrô, quando passamos perto de um grupo cantarolando. Eu estava atrás conversando com a Nat, quando vi um casal se aproximar demais da Gabis e sair na outra direção. Eu a chamei e perguntei o que tinha na parte da frente da mochila, que estava nas costas dela.

Tinha mesmo...tempo verbal certo. Os famosos pickpockets europeus, que eu vi em todo lugar, tinham pego um filme novo, um pacote de cigarros e acho que uma lanterna também. Em segundos...surreal. Pior que guardei a cara deles, afinal, eu tinha visto!

Euzinha

18.9.04

Pra lembrar e rir

Lembro bem quando, finalmente, consegui comer a famosa baguete parisiense. Descolamos uma espécie de lanchonete com coisas super gostosas e baratas. Nessa vez, comi uma baguete deliciosa, ainda "tracei" um crepe doce, com açúcar, muito curioso. Nós nos “fizemos”.

Nossa, nós também comemos um outro crepe que foi tudo de bom. E a moça que nos vendeu ainda por cima conhecia o Brasil. Muito legal isso, né? Quando você está longe, parece que o nacionalismo corre nas veias...

A mania de andar com camisa do Brasil é "show", tem sempre alguém para falar algo, como um garoto no Museu Rodin que leu minha camisa de Floripa, se eu não me engano, e ficou brincando. E o Branco ficou "zoando" que ele estava era olhando para os meus peitos... Chegamos até aquela velha questão de que tudo na vida é uma questão de ponto de vista...

Ah, pára tudo! O que foi a gente comendo o sanduíche surrupiado do café da manhã, do hostel, em plena Champs-Elysées... Fora o chocolate, que delícia!!! Passei pela Louis Vitton e não resisti a tirar uma foto pra minha irmã enlouquecer, tem tipo uma bolsona gigante, no mínimo, original.

Durante todo o tempo, toda vez que passávamos numa determinada estação, o Branco falava que era a do Cimetière Du Père Lachaise (nome devidamente corrigido, já que minha cabeça andava pela Sacre Coeur e acabei escrevendo o de Montmartre...tsc, tsc...existem ambos...), que tínhamos que ir lá, que era muito legal.

Não cheguei a ir, mas sempre sacaneamos ele com relação a isso... Bom, devo confessar que, em Buenos Aires, eu fui ao cemitério da Recoleta...

E a gente cantando Tribalistas? Na Europa, eles também conhecem e se amarram. Ficávamos brincando dizendo que iríamos colocar um chapéuzinho e recolher dinheiro... Sem contar o dia, no bar, que começou a tocar do nada “chorando se foi quem um dia só me fez chorar”... E a galera dançando empolgadona...

E a senhora maluca do meu quarto, mais velha mesmo, que trabalhava em Paris, mas morava em albergue e acordava todos os dias as 4 da matina e ficava lavando roupa, mexendo na mala e se arrumando... Nem bem eu ia dormir e começava a barulheira...surreal... Fora que a mulher tinha um humor péssimo! E roubou todos os cabides do quarto para ela (não estou exagerando, quem me conhece, sabe que nem costumo reparar nestas coisas)...

Eu me lembro também que eu tinha a mania de ficar lendo os outdoors em francês, achava o máximo ficar lendo em francês e a Nat falou que fazia a mesma coisa na Alemanha, porque ela e a Gabis falam alemão. Ela me alertou pro fato do quanto isso é esquisito, imagina alguém no Rio, lendo, deslumbrado, coisas em português; Maracanããã, metrôôô...dããã...

Fora que programa de televisão ruim tem em todo lugar, vi alguns totalmente apelatórios lá, esperando no saguão do hostel.

Tem também a questão da cama. Eu fiquei na cama de cima e tinha só um apoiozinho azul pequenininho. Fiquei pensando: “danou-se, vai ser um estrago chegar bêbada e subir por aí”. Não tanto quanto eu achei que seria mas houve cenas hilárias... Cabeçadas direto... Dignas de bebum...

Euzinha

17.9.04

Mais lugares...

Centre Pompidou, perto do qual ficamos sentados, conversando, aproveitando o tempo bom. A praça da prefeitura, onde "zoamos" o cartaz de propaganda de Paris como sede das Olimpíadas, mais tarde o Brasil viria a perder a concorrência... Detalhe que estávamos fazendo caras e bocas para tirar a foto "zoando" o cartaz e um francês se ofereceu todo solícito para tirar a foto... Deu pena...

Ah, Seine, rio Sena, claro. Que coisa espetacular. Lindo e limpo. Realmente uma vista memorável. Cathédrale Notre dame de Paris. Linda, linda. Inclusive por dentro. E os jardins? Estavam maravilhosos, cheios de flores. Ainda era primavera.

Sempre rindo e conversando, tiramos várias fotos, inclusive “artísticas”. É que, em geral, todos no grupo tinham tendências a fotos “diferentes”, fotos com detalhes e idéias “malucas”.

Sainte-Chapelle. Muita bonita também, com uns vitrais maravilhosos. Imagino aquilo quando o sol está muito forte...A galera fica tão empolgada lá dentro que toda hora alguém tem que pedir silêncio... Ah, em Paris, eles não aceitam carteira de estudante de maiores de 26 anos, fiquei arrasada!!!

As ruas por si só são um espetáculo, cheias de estátuas, monumentos e prédios lindos, sejam os dos museus ou não.

Claro que rolou o clássico passeio de barquinho, sendo que, antes, numa das pontes mais famosas de Paris, o Branco comecou a dar uns berrinhos. Era uma coisa dele de libertação, sei lá, estou na Europa, estou em Paris... Mas foi tão engraçado que uma senhora, empurrada na cadeira de rodas, começou a rir...

Nessa altura, eu já tinha foto da Tour Eiffel de todos os ângulos da cidade, só faltava no barquinho mesmo.... Esperando pelo barco, ficamos conversando, sentados/deitados às margens do Rio Sena (... sentei e chorei... como eu costumava brincar...).

No barco, lembro de um garoto, com cara de entediado, algumas crianças pequenas, ligeiramente encapetadas, com uma senhora que devia ser a avó. Ficamos comentando isso. A oportunidade de fazer um passeio com a “vovó” em Paris. O garoto parecia estar "pau da vida", não estava dando a mínima, aí é que se vê aquela questão, só vemos de fora, tolos dos seres humanos que não dão valor para a própria vida (seja em Paris ou nas maravilhosas paisagens do Rio...onde for...).

Devo confessar que, depois da Tour Eiffel, o Arc de Triomphe fica meio sem graça... E lá tem de ser de escada, mais de trezentos degraus; haja joelho!!! Uma coisa é certa, é o máximo como história, fora a vista lá de cima dos cruzamentos das ruas, é um eixo 10!!!

Paixão, paixão mesmo, fora a Torre Eiffel, claro, foi a pracinha atrás da Sacré Coeur. Tinham vários artistas pintando e em diversas atividades. Fiquei brincando dizendo que passaria minha vida ali, tranquilamente escrevendo poesias. Que lugar dez! Comemos uns crepes e ficamos bebericando. Um cara queria pintar um quadro da gente...muito legal.

Dentro da igreja é lindo. Lembro que tinha uma menina super emocionada, não parava de chorar, ficamos até preocupados quando ela saiu. Coisas de brasileiro!

Fora as flores lindas (como sempre!) que existem em frente à igreja e o pequeno bondinho que você pode usar para subir... Vistas simplesmente maravilhosas. Mil outros lugares interessantes por ali... Ainda ficamos andando, comprando coisas e conhecendo... Ai, ai...

Euzinha

16.9.04

Alguns museus

Se você gosta de museus, definitivamente deve ir à Europa. Quando você acha que conheceu o “melhor” (muito complicado mesmo comparar algumas coisas na vida...), então se depara com algo mais curioso, surpreendente, histórico, o que for...

Corvos e flores pra todos os lados nas pracinhas. Conheci o Musée de l’Armée, Hôtel National des Invalides. No primeiro, fiquei meio deprimida com as coisas sobre guerra. Como o ser humano é burro... Gente morrendo à toa – até hoje- por imbecilidades de poder e ganância... Tudo em nome de Deus e liberdade (tsc...tsc...tsc...).

O Museu dos inválidos é show. O Napoleão era tão louco, que todo mundo meio que presta continência pro túmulo dele ao entrar, porque é no subsolo... Vai lá, coitado, dos males o menor. Eu, particularmente, não quero ninguém batendo continência, nem agora, nem depois (estou rindo)... Pra cima, aliás, no teto, que coisa linda; uma pintura divina.

O Musée du Louvre é uma frustração. Não importa quanto você anda, é fácil de se perder lá dentro, e arde sempre a sensação do que você vai deixar de ver... É muito grande!!!

Quando já estavam chamando pra fechar, eu ainda estava que nem louca, isso viria a ser um hábito em London London, quase sendo expulsa dos museus fechando... Mas ainda achei a Monalisa, que é pequenininha... O Louvre ocupa mais do que um quarteirão. E a polêmica daquelas pirâmides? Que, aliás, achei lindas!

Musée d’Orsay? Gente, que lugar maravilhoso. Vimos várias esculturas e pinturas lindas. Inclusive aquela que aparece no filme Advogado do Diabo. Este museu foi feito numa estação abandonada e é muito legal. Tenho foto ao lado de dois Monet... A gente brincou dizendo que era o mais perto que a gente conseguiria chegar... E a sala de festas? Que espetáculo!!!

E Musée Rodin??? A gente ficou lembrando daquela exposição que lotou o MNBA, no Rio de Janeiro, para ver algumas coisas... No Rodin, tem um jardim cheio de esculturas dele ao ar livre. Portal dos infernos, o pensador e muitas outras menos famosas. Fora a área interna: o beijo, o segredo, coisa de louco!!!

Uma hora, quando fui tirar uma foto com a Nat, sentei rápido e tomei uma mãozada (da estátua do Rodin)na cabeça. Galo do Rodin, que chique, ficamos rindo...

E muuuitos museus! Ai, que eu posso fazer??? Vou ter de voltar a Paris para ver tantos outros (risos)...


Euzinha

15.9.04

Excursão da Tia Gabis

Eu realmente aprendi a relaxar com a Gabis. Ela sempre sabia todos os caminhos, ônibus, pontos turísticos, melhores coisas pra ver, enfim, pelo menos por um tempo, eu descansei de planejar, organizar e executar tudo. No final, já estávamos "zoando": excursão da Tia Gabis...

Nos dias que se seguiram, muitas, muitas atividades, tentando aproveitar Paris ao máximo. Tábata, outra brasileira, também nos acompanhou, mais alguns outros brasileiros e inúmeros nomes novos...

Euzinha

14.9.04

Atropelada mais uma vez... agora, literalmente!

Eu já sou distraída normalmente. Lá parecia estar flutuando. No mundo dos sonhos. Andando com o pessoal, conversando, quase fui atropelada por um carro. E lá ainda era a mesma mão que a nossa, no Brasil.

Por uma bicicleta, fui atropelada mesmo... Empolgada, falando, fui atravessar olhando só para um lado. A bicicleta vinha do outro... Imagina chegar de Amsterdam e ser atropelada por uma bike em Paris... Ri muito. Só eu...

Dadas minhas loucuras, depois o pessoal ficou brincando que tinha que tomar cuidado comigo, que eu estava querendo usar o meu seguro de viagem, pois era a única que tinha feito...

Euzinha

13.9.04

O jantar chique...

O Branco, a Gabis e a Nat estavam indo jantar. A essa altura, já era quase de noite. Eles se dispuseram a esperar e eu fui tomar banho. Logo fomos dar uma volta por Paris. Que, aliás, é um espetáculo de tão linda...

Pegamos o metrô e passamos por praças, vimos monumentos e a Torre Eiffel de longe. Linda linda. Não sabia que eu viria a ter um verdadeiro book da Torre Eiffel...

Conversando bastante, ainda nos conhecendo, andamos um bocado procurando um lugar onde pudéssemos comer num restaurante – não muito caro- e massa ainda por cima... E como se diz massa em francês???

Após muito enrolação, optamos por um restaurante super legal. E valeu a escolha. A comida estava deliciosa. Ainda bebemos vinho e água ( isto foi de graça, um verdadeiro espetáculo e não foi por causa do vinho!).

Compartilhamos histórias de viagem e eles se divertiram comigo tentando falar francês, enquanto eles aproveitavam para aprender algumas frases e palavras básicas. Tiramos foto e tudo, "mico show de bola". Este mesmo dia ainda terminou no bar do hostel, regado a muita cerva e fofocas... Seria o início de uma bela amizade!

Euzinha

11.9.04

Terra de Brasileiros???

A primeira grande surpresa é que não tinha banheiro no quarto. Ele é coletivo, embora separado para homens e mulheres, e fica do lado de fora... Surreal!!! Eu estava cansada mas desci pra resolver algumas outras coisas e conheci um brasileiro, de Sampa, o primeiro...

Ele estava vindo pela primeira vez na Europa e tinha acabado de chegar. Estava apavorado porque pretendia ir ao Fórum de Barcelona, mas parou primeiro em Paris. Ajudei ele a dar entrada no hostel, pois ele não falava nem francês, nem inglês. Só português e espanhol. Por isso estava apavorado, pensei eu...

Ficamos conversando e eu saí pra fumar. Quando voltei, foi simplesmente hilário. Parei para falar com ele, nisso, passaram algumas outras pessoas, ouviram o português – eram do Brasil, pararam pra falar e daqui a pouco mais um garoto e mais duas meninas, quando a gente viu tinham mais de dez brasileiros conversando no hall de entrada do Le D’artagnan. Completamente inusitada a situação. Foi legal porque estava até sentindo saudades do português velho de guerra...

Euzinha

10.9.04

Falando français...

Tinha um menina parada perto à escada de saída do metrô e perguntei sobre o hostel. Ela estava esperando umas amigas comprarem umas coisas numa lojinha do próprio metrô ( fico lutando pra não escrever underground, eu me acostumei a London London...) e iria depois pra esse mesmo hostel.

Fiquei esperando junto, conversando com ela, que era francesa. Começamos a conversar e ela foi se empolgando cada vez mais ao ponto que eu tive que dizer: “olha, eu não falo francês, por favor, fala devagar”. E ela respondeu dizendo: “como você não fala francês? Seu francês é perfeito”. Embora lisonjeada, insisti, pedindo pra ela falar devagar. Nessas horas, vai me dando uma vontade enorme de rir, tipo assim, “wow!”.

Ela foi super legal. Mostrou o caminho, deu dicas quanto ao metrô, ônibus, horários e coisas do gênero. Logo cheguei no hostel, as amigas dela também, e ela seguiu. Eu dei entrada nas minhas coisas, perguntei outras e subi pra largar, finalmente, as bolsas no meu quarto.

Euzinha

Paris, Paris

A paisagem era realmente linda durante a viagem para Paris. Tinha dormido tarde e acordado cedo, mas lutei o quanto pude pra ficar acordada. A gente parou mil vezes no caminho, entra e sai danado de gente.

Teve uma hora que sentou uma menina do meu lado. Ofereci biscoito e ensaiei uma conversa em francês, pois era a língua dela. A irmãzinha dela estava no banco de trás junto à mãe e passou quase toda a viagem cantando músicas infantis em francês. Eu até gostei, uma maneira de esquecer o inglês e começar a me situar quanto ao francês...

Na imigração, foi um parto... Demorou à beça, mas felizmente o policial era uma gracinha. Lembro do sorriso dele, ao devolver o passaporte, “Brasil”??? Que é uma reação normal das pessoas ao Brasil; estamos na moda!

As coisas estavam complicadas provavelmente por causa das bombas encontradas ao longo da Europa em atos terroristas.

Tinha uma menina muito figura na viagem. Enrolada que só. Eu desci em Paris na maior tranquilidade. Peguei minha mochila e sentei para fumar um cigarro. O tempo estava bom, até calor. E a menina, holandesa, tentando se comunicar em inglês, com aquele sotaque... Eu estava achando graça olhando de longe. Felizmente eu tinha boas noções de francês, pensei eu...

Terminei de fumar o cigarro e fui tentar ajudar a menina. Ela tinha pedido informações sobre o metrô e o cara tinha oferecido carona a ela. Ela perguntou o que eu achava, eu falei que ela deveria saber se queria ir ou não, mas que o metrô era ali perto e, se ela quisesse, eu a ajudaria a pegar o dela. Muito estranho, o cara ainda insistiu pra gente ir com ele... Todo nervosinho...

Comigo, ela falava inglês, e teve uma hora que foi engraçado, o cara insistindo, ela ficou tensa e começou a falar holandês comigo e eu fiquei com a maior cara de idiota... Tipo ãhn... Nessas horas, dá quase uma esquizofrenia lingüística... Rimos e acabamos indo juntas.

Hilário que tem uma porta que abre bruscamente sozinha... Dá o maior susto, até se acostumar é um "parto". Ajudei ela com as 500 mil malas e entramos no metrô. Eu saltei praticamente na estação seguinte, Bagnolet, e ela seguiu. Figuraça...


Euzinha

9.9.04

Um novo lugar, um novo alguém

[ Desculpem os posts enormes que eu deixei nos últimos dias, mas eu estava com pouco tempo e queria deixar mais coisas enquanto eu estivesse vivendo outras primaveras (curitibanas...risos...) durante o feriado (mais do que)prolongado. ]



Aquela sensação que se tem de estar num lugar novo, desconhecido, cheio de novidades para você, sem pessoas que te conheçam e esperem reações de você; isto tudo é maravilhoso. Por outro lado, dá às vezes um vontade louca de estar perto pra poder sacar o telefone, dar uma ligadinha e ficar horas contando as novidades... Ou mesmo gesticular e “dramatizar” as novas cenas vividas, para os amigos morrerem de rir...

Esse banzo acentuado do início eu satisfiz por meio da maravilhosa Internet. Ainda tinha paciência de escrever alguns textos, narrando as peripécias e me lamentando por ser uma "seqüelada" e não me lembrar de uma série de detalhes e histórias. Depois (bem depois...risos...) passei a tentar anotar pelo menos palavras-chave pra eu me lembrar...

Por vezes e vezes, eu me vi caminhando e esta é uma boa metáfora: cada esquina era um mundo novo a trilhar, desvendar... Cheio de informações, novas paisagens, velhos monumentos “conhecidos”... Lembro do meu espanto com o prédio da polícia, em Amsterdam, simplesmente lindo, arquitetura 10!

Viver um novo lugar é um conceito dúbio. O que é viver??? Ter sensações corriqueiras e novas num novo lugar? Ou conseguir ser você num lugar diferente, adaptando-se? Ou será que viver um novo lugar é ser um novo alguém, maior que você, com reações, pensamentos e atitudes estranhas??? Anyway...

E então chegou o dia de ir embora. Arrumar as malas é mesmo algo deprimente! No outro dia, bem cedo, estava eu rumando a Paris. Ah, Paris, Paris...

Engraçado que o cara que fez o check in das minhas malas era brasileiro, ô gente pra dar em todo lugar ( é um comentário positivo, antes que alguém reclame!!!).

Euzinha

6.9.04

Cenas e coisas para não esquecer...

Ah, claro, como pude me esquecer do Vondelpark??? O parque é tudo de lindo. Nos dias de calor que peguei, a imagem das pessoas fazendo piquenique, fumando, bebendo, conversando, deitadas no gramado, era tudo... Fora as mil bicicletas estacionadas e os cachorros com seus donos. Bela imagem pra guardar.

Também vou me lembrar do pôr-do-sol na barca, indo pra casa do casal maluco-beleza, como gosto de chamá-los. Aliás, a vista dali era linda. Fiz mil passeios de barco, onde eles vão contando a história do local, em tantas línguas que chega a enjoar, cérebro fica meio pancada, entendendo ou não todas as línguas... As famosas três pontes, prédios, construções e museus lindos.

Eu achei simplesmente lindo um passarinho que vi em todo lugar em Amsterdam. Perguntei a uma mulher holandesa, que não sabia o nome em inglês, mas me deu em holandês: Raaf. Vim a descobrir que o tal pássaro nada mais é que um tipo diferente de corvo, é, corvo, isso mesmo. Kilburn ainda estaria na minha história!!!

Indo para Amsterdam, não deixe de comer a tal da batata, mas cuidado!!! Um dos molhos é horrível, totalmente doce... blarc!!!! Também têm vários restaurantes de comida estrangeira, principalmente indiana, muito legais. Aliás, um dia, em Leidseplein, um cara cismou que eu era da Indonésia. Insistiu, foi hilário!!!!

O guardinha que me falou que era proibido fumar ali. Pior que eu tinha perguntando ao Benji e ele, todo tranquilo, “não tem problema algum”....

Como pude esquecer da Nutella no café da manhã do Vondel? E que café da manhã! Assim, é até fácil de se acostumar (porque normalmente eu não tomo café da manhã).

Vale lembrar O QUADRO, num museu, convidando pra loucura, pra bebedeira, até tirei foto. Parece que o quadro é em várias dimensões, muito legal.

Num dia, entrando num museu, um cara falou: “que frio”. E eu respondi, achando que estava louca por pensar ter ouvido em português. Na saída, descobri que tinha ouvido em português mesmo, o cara era de Portugal e disse saber identificar quem era do Brasil...

Eu adorava ficar olhando as ruas, parar nas praças e canais. Tipo ficar sentada comendo uma maçã perto do Museu Anne Frank. Fiquei conversando com uma menina da América da Sul que estava morando lá, em inglês, surreal, não?

Eu contei que, ao chegar, fiquei procurando escrito Vondelpark? Obviamente que estava somente escrito Stayokay; cúmulo da distração... Ah, e teve um dia que o motorista do tram, gentilmente, veio me dizer que eu deveria saltar porque era o ponto final (...risos...). E eu, distraída, "viajando", sorte que o meu ponto era o ponto final e eu nem sabia disso... Casual sorte (...risos...).

Às vezes chovia muito, às vezes pouco, o fato é que meu guarda-chuva não resistiu ao tempo de lá. E isso porque eu odeio guarda-chuva e levei... Confesso que fiquei feliz em jogá-lo fora... Posso dizer que os episódios chuva viriam a ser engraçados...

O dia, presa do lado de fora, por ter esquecido o cartão de entrada no outro casaco. O dia, bêbada, sem conseguir abrir a porta do quarto (tsc...tsc...tsc...). Eu, rindo, e a menina do quarto levantou pra abrir a porta pra mim...entrei "no sapatinho"... Ou perdida, à noite, voltando de algum lugar,chapada, perguntando como chegar ao Vondel...

Num outro dia, deixei cair a lanterna (que eu usava para entrar no quarto e não acordar todo mundo quando chegava tarde e chapada...era hilário...tinha que me controlar pra não rir, mas são preocupações pertinentes à vida em grupo...). Aí a inglesa, toda solícita, estendeu o braço pra me devolver a lanterna(risos). Tsc, tsc, tsc...

E o dia que fui até o Madurodam? Tirei uma foto com aquele sapato símbolo e foi engraçado porque estava parada olhando e uma senhora tirando fotos para diversas crianças comentou algou parecido com: “as crianças adoram”... Ao que eu retruquei, você pode tirar para mais uma, para uma criança grande: era eu. E ela ficou repetindo “big child” rindo...

Eu me lembro de ter voltado da rodoviária tarde à beça um dia, ainda encontrei uma menina e a ajudei a pegar o transporte dela pra algum lugar. Descobri que meu passe não era válido para aquela região – eles nos deixam loucos com esta história de região, mas cheguei no hostel de novo de qualquer jeito... Este dia ainda tentei encontrar uma amiga holandesa, mas cheguei muito tarde e acabei bebendo com o pessoal.

De uma certa forma, devo confessar que, embora as coisas estivessem maravilhosas, tentava controlar meu êxtase a respeito de ir, enfim, para Londres. No final das contas, minha estadia na Holanda serviu para me preparar para maravilha de Paris e para jornada posterior.

Era tudo o começo!!!!!!!!!!!!


Euzinha

5.9.04

As pessoas

No geral, o pessoal mais legal que conheci lá era mesmo de Amsterdam. Fora as quatro meninas alemãs que passaram pelo meu quarto, super legais. Elas, ao voltarem, estavam reclamando que teriam que dirigir 12 horas até o país delas. Disse que, no Brasil, você podia dirigir quase 40 horas e ainda estar dentro do Brasil; elas ficaram chocadas...

Ah, claro, teve também o povo australiano. Muito legais: "M" e "P". Esta foi a noite, ainda no início da viagem, que eu desisti de sair. Isso toda encasacada. Mas estava um frio insuportável, eu não estava acostumada ainda.

Quando abri a porta, aquele vento, aquela chuva, desisti na hora. Fiquei no bar bebendo e conheci os meninos. Hilário que a gente ficou esperando o tempo melhorar e começou a tocar uma música do Phil Collins em que ele fala sobre a chuva...nunca vou esquecer disso... Aliás, acabei de me lembrar que era o aniversário de um dos meninos, com direito a comemoração posterior e tudo...

E as francesas chatopildas que achavam que eu não entendia o que elas falavam?! Isso até merece explicação: elas ficavam reclamando de tudo e todos o tempo todo em francês, falando mal mesmo! Quando tinham que falar com a gente, obviamente falavam em inglês. E eu já tinha "ignorado" o espanto quando eu falei inglês com elas na boa...

Deixei elas falarem o que queriam entre elas (sempre em francês), ignorando nossa presença no quarto (existiam mais três no quarto). No dia que elas foram embora, eu me despedi em francês na boa. Quando elas ficaram todas atordoadas com aquela cara de “você, latina, consegue falar francês”, eu respondi que o suficiente pra compreender...

Foi impagável esta cena... Até hoje rio lembrando da cara de espanto delas, meio sem graça... Tinha uma inglesa do lado, ela a m o u ! Que fique bem claro que não tenho nenhum problema com os franceses, apenas com “pré-conceitos”...

Tinha uma sala de fumo do Vondel, ponto de encontro e de novas amizades. Conheci pessoas de vários lugares ali. E o cara da Escócia que eu não entendia uma palavra do que ele falava???!!!

O bebê que eu conheci no tram!!! Não parava de rir e sacudir naquela parte móvel do bonde. Uma gracinha ( o pai também, um caso à parte...)! Percepções locais que, muitas vezes, não temos na euforia de uma viagem, ou na "droga" do cotidiano...

No meu quarto, teve um senhora inglesa que roncava loucamente. Mas ela era muido educada, um amor de pessoa. Lembro que eu costumava chegar tarde, a mulher já estava "no décimo sono", como se diz, e eu ficava rindo, sozinha, chapada, com aquela "sinfonia"...

Teve também uma menina americana com quem tive uma longa conversa. Ela estava chateada por estar sendo hostilizada por causa da sua nacionalidade. Bom para lembrar que sempre, mas sempre, existe o outro lado da história...

A menina da recepção do hostel, que tinha altas aventuras no Brasil... E o casal maluco-beleza? Depois dos dias na casa deles, sempre os encontrei, casualmente ou não, recebendo dicas maravilhosas...

Engraçado que todo mundo fala dos alemães e as meninas eram dez. As francesas eram muito mais estranhas. Eu achava engraçado quando chegava pra tomar banho e sair e estava todo mundo dormindo no quarto, porque tive oportunidade de conhecer diversos companheiros de quarto, em Amsterdam mesmo. Ao contrário de mim, que saía, esse pessoal estava sempre dormindo (mas não se enganem! Também existem os que não dormem...risos...).

Eu me perguntei várias vezes se era porque era mais fácil para eles, estavam tão perto de casa, né? Mas quando eu viajo perto do Brasil ou do Rio, eu estou sempre "pilhada" também... Acho que é meu! Eu já sou "pilhada", lá então...mundo de velhas novidades...

Euzinha

4.9.04

Sol ou chuva

Um dia ameaçou surgir um solzinho, fiquei encostada no outro lado da Centraal Station, indo pra roda gigante, aproveitando um raio certeiro de sol, provavelmente com a cara mais feliz do mundo... Acho que para gente é meio fisiológico, logo me senti mais “aquecida”, em todos os sentidos, metafórica e literalmente.

Teve também a menina que, fazendo sol ou chuva, estava sempre tocando por ali. E houve dias de muito frio e muuuita chuva. Eu lembrei daquela história do cara que canta todo dia na praça e ninguém dá a mínima pra ele, um dia alguém pergunta o porquê dele continuar tocando e ele responde que, se ele parar, os outros terão vencido! Contei esta história a ela e dei uns euros, o que para brasileiros duros, é uma manifestação máxima de boa-vontade... Ela ficou muito feliz! E um sorriso não tem preço...

Euzinha

3.9.04

As informações

Outra coisa curiosa era o fato das pessoas me pedirem informação. Eu, morena deste jeito, com cara total de estrangeira, e sempre me perguntavam coisas. Lembro do cara perdido que eu ajudei, próximo ao Madurodam, surreal...

Também das "japas" que vieram me pedir informação, perto do hostel, depois, quando falei que era no meu caminho, elas ficaram com medo de mim! Eu hoje dou gargalhada disso, mas lembro da cara assustada delas... Saí andando e fiquei pensando qual mal, euzinha, poderia fazer a alguém??? Como elas poderiam saber também, né? Cultural, preconceito cultural...

Euzinha

2.9.04

Mais lugares...

Ah, o Madurodam é super legal, um monte de miniaturas, incluindo, obviamente, os pontos turísticos mais famosos. Mas também não dá pra ficar o dia inteiro, enjoa... Eu dei sorte de estar na primavera e estava tudo lindo, embora ainda estivesse frio no início de abril. Ali perto tem uma série de museus, incluindo um maravilhoso planetário.

Ah, e o lago! A visão daquele lago era tudo!!! Lembro que fiquei parada, olhando, cara de idiota, Natureza, Natureza. Em você ou em mim? Mudança, contemplação... E dá pra ir andando.

Neste dia, ao voltar pro hostel, Leidseplein estava “bombando”. Quase não dava para passar direito, gente pra todo lado, bebidas na mão. Digna de entrada de show... Apesar da friaca insuportável...

Ah, quase esqueci de Leiden, que lugar show! Ali perto, eu vi flores simplesmente maravilhosas! Pareciam verdadeiros tapetes, coloridos ou não, ornamentação natural...

Também conheci o último moinho ativo de Amsterdam: Molen Van Stolen. Uma vez eu tinha lido que, se você vai até a Holanda, tem que ver vaquinhas e moinhos, além dos vastos campos... E eu fui...

Super legal porque você acaba aprendendo um pouco da história do lugar, como, por exemplo, a posição e a cor das palhetas dos moinhos têm significados históricos, que aqueles sapatos-símbolo da Holanda vêm do tempo que os pobres no campo usavam aquele sapato pra não machucar os pés e sujar menos. Só que eram de madeira, pesados, por isso as danças antigas de lá são de lado, porque os sapatos pesavam....

Ah, muito show andar de roda gigante no caminho da Red Light District. Uma vista sensacional lá de cima. Não fui ao Madame Toussad lá. Mal sabia eu again... E os prédios lindos de Rotterdam???

Tive a impressão que, se ficasse lá, ainda teria mil coisas a visitar. Nem fui à fábrica de cerveja... No dia que eu tinha planejado ir, não rolou...(risos)...

Euzinha

1.9.04

Muitos lugares

Mas Amsterdam não é só loucura. O que é o museu Anne Frank?!?! Fiquei emocionada lendo e ouvindo as histórias dentro do Museu. Talvez tenha sido a primeira vez que chorei na viagem – embora não tenham sido tantas assim...

Mediante a perseguição da guerra, eles ficaram escondidos na casa e ela, Anne, ficou escrevendo. Adorava escrever e tinha este sonho, de publicar um livro, realizado por meio da publicação dos textos escritos durante a reclusão na casa, que virou o museu que eu visitei.

Legal uma passeada por ali também, em Jordaan, penei pra lembrar este nome agora... Tive que recorrer ao velho e bom mapa de Amsterdam, gasto e amassado, inclusive das chuvas que peguei. E eu sempre me perdia porque os nomes das ruas vêm abreviados e do holandês, ou seja, eu não entendia nada...

Aliás, também vi museus e materiais de diversos lugares: Van Gogh Museum, Amsterdams Historisch Museum, RijksMuseum Amsterdam, Het RembrandtHuis, Foam, entre outros, cheios de quadros, fotos e artigos históricos e artísticos maravilhosos.

Lembro de ter visto miniaturas de casas e mobílias; numa determinada época, era sinal de status você ter a miniatura de sua própria casa, reproduzindo fielmente, não é massa???

Quase me esqueci do Sex Museum. O maior barato, bem no clima! Cada foto e aparelho surreal. Faz um verdadeiro apanhado do sexo ao longo dos tempos, desde da maçã da Eva, super legal.

Os acervos de fotos pessoais expostos também são um caso à parte... Estou rindo aqui lembrando que eu ficava pensando e rindo: “meu Deus, haja esbórnia!”. Lembrava também um livro que li: “colocando os ‘bastidores’ pro ‘palco principal’ ”...

Detalhe que tem um desses, o Foam, creio eu, que foi um verdadeiro "parto" para achar. Andei muito, o número estava super esquisito e ficava meio escondido lá pra dentro, perto de ruas e caminhos lindos, at least... Primavera, primavera...

Euzinha